O que ninguém fala, a Escola deve falar

Dalvit Greiner de Paula

A despeito de um governo que lidera uma cultura obscurantista, de um silêncio forçado bem no estilo “cala a boca!”, uma das formas de resistência da escola reside na fala com seus alunos e alunas. Se o resto é silêncio, tal silêncio deve ser uma opção, não uma imposição ou uma doença. Enquanto imposição, o trato deve ser político e tão proporcionalmente forte quanto a imposição. Se uma doença, deve ser tratada; ou antes, prevenida.

Um mundo individualista como o nosso, essa individualidade que deveria ser um valor – como são lindos os burgueses! – tem se tornado, a cada dia, um tormento para pais e filhos. Um sistema capitalista sobrevive apenas com consumo exagerado de produtos criados para satisfazer o seu desejo e não a sua necessidade. Isso leva as pessoas a ter uma dificuldade de dividir suas coisas, seus espaços, seu tempo. Então, o melhor mesmo é ficar o mais sozinho possível, curtindo o melhor do capitalismo em suas mãos.

A diversão cabe numa palma da mão. Celular ou TV não são mais objetos de disputa. Cada um tem o seu. Quando não tomamos cuidado até mesmo nós adultos nos isolamos dentro de nossas casas e não participamos nem da casa nem de atividades públicas. Outro dia falaremos das atividades domésticas não feitas ou malfeitas. O rol de desculpas é imenso: algumas justas, outras não. Entre as justas, o mínimo de sossego que se quer depois de um dia estafante de trabalho que o capitalismo nos exige diariamente. Entre as esfarrapadas, a campeã é “tive um dia pesado hoje!”. Ou seja, não existe desculpa plausível para o isolamento que presenciamos.

Tudo isso se reflete na escola. Alguns estudantes reagem de forma contrária ao que vivenciam em casa. É comum pais e mães, quando chamados pelos professores, afirmarem que o adolescente é muito diferente em casa. Em casa são ensimesmados, no quarto, TV ou computador ou celular ligados em jogos ou bate-papos. Na escola, quando o celular é proibido, o adolescente quer falar o tempo todo e a aula não acontece, na medida em que cada um tem um interesse. Em casa, são prestativos e solidários, mas nada de tarefas intelectuais que exigem um mínimo de esforço para leitura e escrita. O mundo virtual não tem tantas letras, é rápido e imagético. Na escola…

Outros, em hipótese alguma, largam o celular: é a sua muleta, o seu sintoma. Estar no mundo significa ver e ser visto pelo status do whatsappo máximo de vezes possível. E esse ver e ser visto inclui o máximo de pessoas e o máximo de exposição. Então, com uma câmara na mão e poucas ideias na cabeça – quando não são discutidas e conduzidas – o risco de exposição é muito grande. Principalmente quando na adolescência lidamos com uma enxurrada de hormônios correndo por todo o corpo.

Aquilo que as pessoas não falam, a escola tem a obrigação de falar. Em meio a solidão, uma forma barata de diversão é a pornografia na internet. Conversando com meninos e meninas detectamos quantidade substancial de material pornográfico, baixado de internet, nos celulares rápidos e poderosos. Aprendem tudo errado, rápido e da pior forma possível. Sem amor, sem respeito, sem gozo.

Um dos motivos da decadência do cinema pornô foi a internet. E aqui, surge um problema que a escola precisa pensar e discutir com estudantes, professores, pais e toda a comunidade escolar, porém, sem moralismos. Com maturidade. E nem precisa ir direto ao ponto pornográfico. Não é este o assunto. Não é disso que a escola deve falar, mas mostrar o outro lado. A sexualidade, a afetividade, o respeito a si e ao outro a começar pelo corpo que está efervescendo nessa idade.

A facilidade de acesso que nossos estudantes têm a tais vídeos é assustadora pela quantidade. As gerações anteriores disputavam, com muito cuidado, uma ou outra revista; furtivamente víamos a pornochanchada nos cinemas nos anos 1970-80. É uma natureza que também precisa ser entendida e educada no sentido de valorizar a vida. Precisamos conversar sobre o nudeselfie que anda pelas redes sociais, sobre a pornografia não consentida de meninos e meninas que na busca de reconhecimento deixam-se distribuir por aí. A maioria se arrepende, porém, consertar tal estrago é muito difícil.


Imagem de destaque: Alexander Krivitskiy/Unsplash

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