O Estágio Supervisionado: reflexões e práticas na formação do professor à luz da Didática

Eliana Santana Lisbôa & Raquel Angela Speck

O Estágio Supervisionado constitui uma atividade que propicia ao aluno aplicar os conhecimentos adquiridos no percurso formativo e o confronto desses conhecimentos na sua prática. Para além disso, serve para refletir esta realidade com vista a uma intervenção crítica e reflexiva da realidade apresentada. Por esse motivo não pode ser concebido como uma ação puramente prática, uma vez que toma como referência todo um arcabouço teórico que possibilita reflexões acerca da realidade vivenciada, onde continuamente os conhecimentos são produzidos e modificados, ou seja, um interminável ciclo que é complexo, único, instável caracterizado de incertezas e conflitos de valores.

Nesta perspectiva, ele favorece a imersão no trabalho docente, promovendo, assim, saberes e é nesta experiência que os alunos poderão levar em consideração os conhecimentos construídos a partir da prática, sua identidade e as contribuições teóricas que cercam esta profissão, configurando–se como teoria e prática. A partir dessa concepção, passa-se a compreender o estágio como oportunidade de aproximação da realidade profissional, instrumento da práxis e, portanto passa a integrar o corpo de conhecimentos do curso de formação

É nesse sentido que acreditamos que a Didática torna-se um elemento de fundamental importância porque proporciona aos alunos um conhecimento mais aprofundado da realidade educacional, através de um contato o mais próximo possível com seu campo de atuação, evitando assim a dicotomia entre teoria e prática, a formação inicial e a realidade educacional. A articulação entre a Didática e o Estágio Supervisionado funcionam como elementos básicos para que o Estágio seja visto como um locus de formação do professor reflexivo pesquisador, que propicie aprendizagens significativas da profissão, ofereça todo um arcabouço de elementos práticos que permeiam o magistério e o mais importante, que permita uma relação entre o conhecimento científico com o contexto social vivenciado.

Desta forma, os alunos além de terem conhecimento dos conteúdos específicos de sua área de atuação, devem ter conhecimento das transformações fruto da evolução científica e tecnológica, ser conhecedor da diversidade econômica, social e cultural e, o mais importante, dominar também métodos e técnicas para que seja possível uma transposição didática eficiente, com vista a tornarem-se protagonistas da práxis pedagógica.

A relação prática-teoria-prática assume um valor acrescido na formação do professor, uma vez que contribui par a compreensão do conceito de unidade evitando assim que a teoria e prática sejam vistos como elementos dissociados ou justapostos sem conexões entre si. Para além disso, a imersão no ambiente escolar é frutífera porque favorece reflexões sobre a prática do aluno proporcionando o desenvolvimento de condutas criativas e transformadoras possíveis pela aplicação das teorias que alicerçam o trabalho docente. Deste modo, a didática tem uma importância inquestionável, por fornecer elementos teóricos para que a práxis educativa se concretize, através da utilização de metodologias de ensino, planejamento e verificação da aprendizagem tendo em conta o tripé ação-reflexão-ação.

E por fim, consideramos que a didática e o estágio têm um papel fundamental na formação inicial dos alunos, considerando que o estágio possibilita ao mesmo  tempo  compreender e problematizar as observações que os alunos percebem durante o processo.

 

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