Nas trilhas do humor: o 7 de Setembro através dos memes

Raquel Barreto Nascimento*

O isolamento social em decorrência da pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, modificou o modo como se estabelecem as relações pessoais. No campo da educação, isto não foi diferente. As salas de aula deram lugar às salas virtuais e o prédio escolar foi substituído pelas residências dos professores e estudantes brasileiros. A internet, antes utilizada como um recurso opcional, se transformou no principal, se não o único, meio de comunicação entre professores, alunos, pais e corpo gestor da escola.

Com todas estas mudanças, o modo como os docentes se relacionam com a internet também se modificou. Cada vez mais, estes profissionais se utilizam de recursos midiáticos para difundir conhecimento: o instagram, facebook, whatsapp, youtube, twitter e blogs de notícias se tornaram importantes veículos de informações e conteúdos. O ensino de História tem seguido o mesmo caminho.

Por meio dos memes¹, conteúdos disciplinares são facilmente difundidos entre os jovens, e, por isso mesmo, têm se tornado ferramenta nas mãos de professores que, diariamente, buscam inovar e alcançar seus estudantes. Também por esta razão, no último dia 7 de Setembro de 2020, a internet se viu inundada por memes e referências que buscavam retratar, com humor as comemorações ao dia da Independência do Brasil. Neste ano, completou-se 198 anos da Independência do Brasil e as rememorações ao famoso “Independência ou Morte”, proclamado às margens do Rio Ipiranga por Dom Pedro I estamparam as páginas de notícias e de humor nos distintos meios de comunicação.
A internet, que possibilita a criação de narrativas, também se tornou palco para que diversas suposições humorísticas acerca deste importante dia para a história do país fossem criadas. Nas tentativas de chamar a atenção dos tão conectados jovens, os criadores de conteúdo digital associaram o grito da Independência a sujeitos e acontecimentos recentes. Em algumas publicações que circularam nas redes, Dom Pedro I foi substituído por jogadores de futebol a fim de que proclamasse que “o pai ta on”. Citou bordões conhecidos como “nós se vê por aí” e “segue o líder”. O rio Ipiranga foi substituído pelo “Posto Ipiranga”, e muitas outras narrativas foram se constituindo.

Na contramão destas publicações, muitos professores historiadores se valeram dos memes e das threads² para desmistificar algumas narrativas que a muito se consolidaram sobre o processo de independência do Brasil. Ao partir da tentativa de “mostrar a realidade” por trás do simbólico 7 de Setembro, alguns pesquisadores aproveitaram para ressaltar que esta data representa apenas a separação político-administrativa do Brasil. Por estas narrativas, a independência conta a história do filho de um Rei que queria um reino próprio mas depois se arrepende e volta para Portugal a fim de disputar um trono mais importante com o irmão.

Neste sentido, a internet tem também se transformado em lugar de disputa de narrativas, comportando conteúdos que se propagam rapidamente a partir de um click. Portanto, deve ser utilizada com responsabilidade e para difundir conhecimento científico, a fim de que o que se produz nas universidades possam chegar à sociedade de forma esclarecida e acessível. Utilizar as mídias sociais é sempre um importante recurso para o combate aos revisionismos e aos negacionismos, tão marcantes da nossa geração.

¹ Termo criado pelo escritor Richard Dawkins, em seu livro “O Gene Egoista” (1976) para se referir a informações que podem se difundir rapidamente. Tido como uma evolução cultural abarca também uma imagem, idéia, link, vídeo, sons, ou qualquer outra informação que possa ser propagada com velocidade.

² Quando se necessita de mais de um tweet para se expressar, é possível fazer, na rede social twiter, uma série de tweets conectados de um mesmo usuário, com a finalidade de organizar e expor as suas idéias e posicionamentos.

* Estudante do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa Interdisciplinar em Formação Humana, Representações e Identidades (GEPIFHRI) e pesquisadora bolsista de Iniciação Científica do projeto “Professora Maria Celeste Vidal: formação e militância de uma presa política”, que faz parte do Projeto de pesquisa Interinstitucional intitulado “A educação de mulheres ao longo dos séculos XIX e XX”, orientado pela Prof. Dra. Raylane A. D. Navarro Barreto.


Imagem de destaque: Wannapik Studio

 

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