Memórias de alunos e alunas sobre a escola e o ensino de ciências e biologia – Parte I

Martha Marandino*
Vinicius Santos**
Barbara Milan*** 

Organizando memórias

Com a finalidade de iniciar o curso de Metodologia do Ensino de Ciências Biológicas II da Faculdade de Educação da USP, no 2o semestre de 2018, realizamos a atividade intitulada “Memórias de aluno: dimensões da trajetória pré-profissional”. A ideia foi promover uma reflexão sobre as vivências ligadas a escola e ao ensino de ciências durante a experiência da educação básica dos 58 licenciandos matriculados na disciplina.

A atividade foi desenvolvida por meio das seguintes etapas:

  • Apresentação de imagens retiradas do sistema internacional de computadores (internet) relacionadas ao contexto da escola e do ensino de ciências. Eram imagens sobre salas de aula, trabalhos em grupo, aulas expositivas, laboratórios, experimentos, feiras de ciências, provas e avaliações oficiais, livros didáticos, entre outros. As imagens foram sendo apresentadas pela professora e comentadas pelos alunos de forma dialogada.
  • Com base nas imagens, solicitou-se aos alunos e alunas a descrever, na forma de um pequeno texto ou desenho, algumas das memórias mais marcantes da sua trajetória escolar, com ênfase nas experiências que viveram nas disciplinas Ciências e Biologia;
  • Ao final, promovemos a reflexão sobre suas memórias de alunos e alunas a partir da leitura coletiva de trechos do texto Memórias de aluno: dimensões da trajetória pré-profissional examinadas em cursos de Licenciatura de Ciências Biológicas de Sandra Selles e Ana Ayres sobre o tema.

Destacamos que a atividade proposta foi inspirada na leitura deste texto e vem sendo aplicada em diversas versões da disciplina nos últimos cinco anos. Entre outros aspectos, o texto destaca a necessidade de problematizar o conteúdo das memórias dos alunos e de suas ideias a respeito do ensino, para melhor entender a influência que têm no seu aprendizado profissional.

Ao ler a chamada da coluna Entrememórias para fazer um passeio e recordar as memórias escolares, convidamos os alunos e alunas presentes a divulgarem seus registros no jornal Pensar a Educação em Pauta. Todos concordaram, contudo alguns não quiseram que seus relatos fossem identificados. Parte dos relatos foram enviados para a professora da disciplina por WhatsApp e outros foram feitos em papel. A maioria preferiu desenvolver textos, mas alguns preferiram desenhar ou usar as duas possibilidades. Reproduzimos aqui esses registros, respeitando a opção pelo anonimato nos casos solicitados e fazendo pequenos ajustes relacionados a correções da língua.

O resultado da atividade foi revelador das preferências, das histórias, das decepções, das tristezas, dos desafios e das alegrias vividas pelos alunos e alunas, como poderão ser percebidas na leitura. O material  que disponibilizaremos neste espaço nas próximas semanas é rico não só em lembranças e experiências, mas, como proposto pela coluna, revelam tendências e orientações político-pedagógicas de determinadas épocas e contextos. Nos ajudam a refletir sobre a escola e o ensino de ciências naturais e nos dão pistas sobre algumas das possíveis problematizações a serem desenvolvidas nas disciplinas de formação. Convidamos aos leitores a se deliciar ao percorrer essas memórias e, quem sabe, se identificar e deleitar com as recordações. 

Os Primeiros Registros…

Desenho da Laís

“Aconteceu num outono…Durante o intercâmbio, professor de ciências nos levou ao bosque. Pediu para que fizéssemos duplas e que um de nós colocássemos uma venda nos olhos. Lembro então que ao vendar os olhos, o meu amigo obedecendo as instruções do professor, me guiou por cerca de 20 minutos. Me lembro como eu fiquei assustada durante aquele período, mais ou menos tempo fascinada por me atentar muito a tudo que encostasse em mim e ao som da natureza, feito em sua maioria por um tilintar de folhas que batiam uma nas outras. Em seguida pediu para que encostasse em uma árvore, e depois voltarmos ao ponto de origem, minha venda foi retirada e eu deveria descobrir a árvore que eu havia tocado.” (Laís)

 

 

 

“Minhas aulas de biologia eram bastante monótonas, e me lembro de ter a clássica visão de “apenas decorar nomes”. No sexto ano, tinha um professor muito bravo, que me espantava, e com isso coloquei na cabeça que não me interessava e “era ruim” em ciências e me taxei assim por muitos anos. Já no colegial, fiz um trabalho extra-classe de um sarau envolvendo biologia e literatura. Era o “circo do impulso nervoso”. Nesse momento, me interessei muito pelo assunto e fui à feira de profissões da USP, que me ajudou a decidir a seguir carreira nas ciências biológicas”. (Marina)

Desenho da Stephanie

“Desenho de uma exposição de trabalhos de ciências, não lembro o tema em questão mais, mas tinha a ver com a natureza e o planeta Terra. Eu era estudante do ensino fundamental 2 de escola particular, não lembro exatamente o ano. Eu fiz a maquete que está desenhada aí, e o que me marcou muito foi quando eu estava com essa maquete na sala de aula, meu professor de matemática disse que detestou meu trabalho, já que era sobre a natureza e eu tinha usado isopor para fazer a maquete, que é algo nocivo ao meio ambiente. Fiquei bem triste mas depois vi que realmente fazia sentido.” (Stephanie)

“As ciências biológicas me marcaram de maneiras diferentes durante o ensino fundamental e médio. No ensino fundamental as aulas eram mais divertidas além de trabalhar em grupos com amigos, também existiam mais momentos de práticas e mão na massa. A ciência era interessante e muitas vezes um desafogo para outras aulas mais maçantes. No ensino médio não tive aulas tão boas de biologia, quase não houveram praticas ou trabalhos em grupo, quase tudo se resumia a ler textos no livro e fazer exercícios. Apesar da pouca atuação as lembranças da professora de biologia são de uma pessoa muito boa e doce, e quando ela falava de biologia eu sentia que era pra aquela área que eu iria depois da escola”. (Anônimo)

Novos registros na próxima semana…


* Martha Marandino – Profa. Associada da FEUSP.

** Vinicius Santos – Graduando em Licenciatura em Ciências/EACH/USP, Bolsista PIBIC de Iniciação Científica da FEUSP.

*** Barbara Milan – Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da FEUSP, Bolsista PAE.

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