Lauro de Oliveira Lima: Contribuições para a educação moderna no Brasil (1960 e 1970) – Poliana Oliveira Silveira

Lauro de Oliveira Lima: Contribuições para a educação moderna no Brasil (1960 e 1970)

Poliana Oliveira Silveira

O professor Lauro de Oliveira Lima nasceu em 1921, na região Nordeste, em Limoeiro do Norte, no Estado do Ceará, e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Ceará, mas tornou-se um pedagogista que desenvolveu um olhar crítico e desbravador na epistemologia apresentada por Piaget, por meio do desenvolvimento do Método Psicogenético, caracterizado, principalmente, pelo cunho pedagógico-didático. A vida e obra do eminente professor foi objeto de uma dissertação do autor José Luiz de Paiva Mello intitulada “Lauro de Oliveira Lima: um educador brasileiro”.

Oliveira Lima, conhecido pela sua atuação política na educação, marcou sua carreira como “reformador educacional”, característica básica de sua atuação como educador, além da incansável batalha pela qualidade da educação. Dedicou-se à pesquisa no campo educacional. Após sua formação em Direito, em 1951, cursou bacharelado em Filosofia pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, onde foi orador da turma, tendo sempre muito interesse pelo ato de educar. Foi Inspetor Federal de Ensino, Diretor do ensino secundário do Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Ceará, Presidente da Associação das Pequenas e Médias Escolas do Estado do Rio de Janeiro (APEMERJ) e Diretor de Pesquisas do Centro Educacional Jean Piaget, dedicando-se a treinar professores, técnicos e empresários por meio de métodos elaborados para dinâmicas de grupo, denominado Grupo de Treinamento para a Produtividade.

Entre as obras utilizadas no treinamento e dinâmicas de grupo, destaca-se Dinâmica de Grupo no Lar, na Empresa e na Escola (1979), mas sempre sustentando o professor a aplicação das teorias de Jean Piaget em Educação, com o aprimoramento do conceito de Educação pela Inteligência. Em 1945, Oliveira Lima foi pioneiro de um método pedagógico baseado na teoria de Piaget introduzido no Brasil, além de ter trabalhado no Ministério da Educação no início da implantação dos planos nacionais de alfabetização. A autora Cynthia Veiga discorre sobre a reforma universitária, a reforma da escola primária, da escola normal e secundária, apontando que essas reformas não aconteceram de forma efetiva em virtude da forte influência da ditadura militar e o modelo tecnicista de ensino. A autora afirma que a década de 1970 não criou condições de realizações plenas e suficientes para os avanços contidos em tais reformas.

Diante desse movimento, Veiga aponta os acordos, como, por exemplo, o convênio MEC-Usaid acordo produzido nos anos 1960 entre o Ministério da Educação brasileiro (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID), que visavam a estabelecer convênios de assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira de cooperação americana, que previa a capacitação de técnicos educadores brasileiros, assessorias, com a intenção de elaborar planejamentos de ensino e instituir cooperação para publicações técnicas, científicas e educacionais, influenciando diretamente nas organizações de disciplinas, colegiados, coordenação, didática e assistência ao estudante.

O estudo do pensamento pedagógico de Oliveira Lima trata de sua influência na constituição da escola moderna brasileira e as relações de suas obras com o período de 1960 a 1970. O autor está entre os principais estudiosos das teorias em educação de Jean Piaget e dos estudos sobre sua aplicação. A morte do psicólogo e filósofo Jean Piaget foi fato marcante na vida e carreira de Oliveira Lima, que assistiu ao desmonte do Centro Internacional de Epistemologia Genética (CIEG) sediado em Genebra. Aquele foi o momento em que o autor avalizou as ideias pedagógicas e investiu em ensaios e pesquisas referentes à didática ativa e operatória de Jean Piaget, o que motivou congressos internacionais de educação proposta por Piaget no Brasil, contribuindo para sua divulgação.

Lauro de Oliveira Lima é um autor de pensamento e defesa jovem, principalmente por relatar sobre os movimentos da juventude, defendendo como eles sabem se organizar e que não aceitam formalismos escolares inventados na idade média. O que nos chama atenção é a forte visão que o autor tinha do futuro. Naquele contexto histórico, ele já fazia uma projeção da educação para o futuro, tentando sempre apontar questões de cunho negativo na educação brasileira.

Poliana Oliveira Silveira é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia, Campus Pontal.

 

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