Homenagem a EJA em Belo Horizonte

Dalvit Greiner de Paula

 

No dia 30 de abril, a última terça-feira à noite, estivemos na Câmara Muncipal de Belo Horizonte. “Estivemos” aqui significa a Escola Municipal Josefina Souza Lima, onde trabalho à noite coma Educação de Jovens e Adultos – EJA. Participávamos de uma Homenagem a EJA proposta pelo vereador Gilson Reis (PCdoB). Apesar do atraso de quarenta minutos, ficamos até o final, por volta de vinte e duas horas, só possível porque 1º de maio é feriado e nossos estudantes optaram por ficar até o final. Foi bom.

As coisas iam conforme mandava o figurino de uma homenagem. Com muitos e merecidos elogios aos estudantes, professores e outros funcionários que trabalham, em geral no ensino noturno. Para os professores, o terceiro turno de trabalho; para os estudantes, um turno após oito ou nove horas de trabalho estafante, duas horas de trajeto, comer bem rápido alguma coisa em casa, quando dá tempo e sonolentos e cansados buscar entender o seu lugar no mundo.

Pelas falas dos estudantes, a Educação de Jovens e Adultos da cidade vai muito bem. As escolas vem conseguindo cumprir seu objetivo ao ofertar um ensino e uma educação que tem contribuído em muito para conferir dignidade, de fato e de direito, aos cidadãos que tiveram sua oportunidade de estudos negada na idade certa. Apontam dificuldades, mas a esperança e a alegria em cada fala foi, deveras, comovente. Assim falaram diretores estudantes das escolas homenageadas: E.M. Oswaldo França Junior (Nordeste) – Escola homenageada, E.M. Vinícius de Morais (Barreiro), E.M. Vila Fazendinha (Centro-Sul), E.M. Padre Francisco Carvalho Moreira (Leste), E.M. João Pinheiro (Noroeste), E.M. Josefina Souza Lima (Norte), E.M. Professor Mário Werneck (Oeste), E.M. Francisca Alves (Pampulha) e E.M. Dora Tomich Laender (Venda Nova).

O estudante Nelson Amâncio, 60 anos, da E.M. Josefina Souza Lima, lembrou aos componentes da mesa que estava dirigindo a homenagem que a “EJA é um primeiro degrau de um longo processo de formação” e que por isso “a EJA não pode acabar”. Dirigiu sua palavra à Câmara de Vereadores na figura do seu representante naquele momento, o vereador Gilson Reis e para a representante da Secretaria Municipal de Educação, a professora Glausirée Dettman de Araújo, gerente da GERJA/SMED. “Seu” Nelson foi aplaudido porque demonstrou o desejo de todos nós que acreditamos na educação e no direito a educação.

E porque o “Seu” Nelson trouxe essa preocupação ao plenário da Câmara de Vereadores? Porque percebeu que ali era o lugar de fala de nossas preocupações em relação à Educação de Jovens e Adultos. Temos conversado bastante em sala de aula e, como professor de Matemática, vivemos conversando na E.M. Josefina Souza Lima, em torno dos números dos governos e debatendo sobre as notícias de cortes de orçamento. O alerta acendeu todas as luzes do grupo de estudantes. Quando começarem os cortes, começarão pelos mais frágeis e em todo o sistema educacional a principal fragilidade da EJA é o seu número de estudantes em comparação com outras modalidades. Essa é a preocupação.

Mas, esta não deve ser a preocupação de nenhum estudante, muito menos de um estudante de Educação de Jovens e Adultos. Direito não tem que ter quantidade de atendimento. Essa é uma variável que não pode entrar em nenhuma estatística quando se fala em direitos das pessoas, dos cidadãos. Direito é direito e não deve ser dificultado ou negado em hipótese alguma. Portanto, nem mesmo uma justificativa econômica ou financeira serve para eliminar o direito e a dignidade de qualquer ser humano.

A fala do “seu” Nelson obrigou a representante da SMED a afirmar que esta gestão não pensa em acabar com a Educação de Jovens e Adultos. Falou dos desafios e das ações para buscar e alfabetizar adultos com mais de sessenta anos de idade; falou dos trabalhadores das escolas que não concluíram o ensino fundamental e que agora o fazem.

Porém, a conselheira do Conselho Municipal de Educação e professora da UFMG Analise de Jesus Silva, lembrou a todos que essa mesma gestão emitiu correio eletrônico às escolas impedindo-as de abrir novas turmas de EJA neste ano. Lembrou que o número de jovens e adultos atendidos pela Rede Muncipal de Educação ainda é bastante baixo, uma vez que mais de meio milhão (número real e assustador) de cidadãos de Belo Horizonte ainda não concluíram o ensino fundamental.

Enfim, a homenagem é merecida e a cobrança é justa. E fazer justiça é a melhor homenagem que se faz aos cidadãos.


Imagem de destaque: Reunião Especial Alusiva à Educação de Jovens e Adultos de Belo Horizonte – EJA, com destaque para a Escola Municipal Oswaldo França Júnior. Foto: Heldner Costa / CMBH

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