Filhos soltos, filhos presos: polaridades das práticas educativas

Marcelo Silva de Souza Ribeiro
Melina de Carvalho Pereira

É relativamente comum ouvir mães e pais dizerem que “não criam seus filhos soltos”. O que significaria mesmo isso? Seria o mesmo que “criar os filhos presos”? Vale a pena adentrar nos sentidos que subjazem frases como essas.

Obviamente não estamos nos referindo a pais e mães específicos e, portanto, os sentidos aqui desvelados correspondem a generalizações, ao que acontece em muitas situações, sobretudo as vinculadas ao nosso cotidiano e às nossas experiências no serviço para pais (oferecido no Centro de Estudos e Práticas em Psicologia CEPPSI, da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf).

A depender da situação, a ideia de “filhos soltos ou filhos presos” pode significar coisas muito diferentes. Assim é o caso de cuidadores (termo que visa abranger pais, mães, tias, avós e demais responsáveis pelo processo educativo de crianças ou adolescentes) que, ao dizer que não criam seus filhos soltos, passam uma mensagem, à primeira vista, de que são cuidadosos e zelosos, mas findam por “prender” os filhos à “barra de suas saias ou calças”. Cuidadores assim terminam por estabelecer uma relação de dependência à medida que não propiciam que a criança ou o adolescente experimente um progressivo exercício da autonomia.

Já em relação aos “filhos soltos”, pode ser que haja uma intenção de transmitir a mensagem de que, aos filhos, lhes é imputado o direito de exercitar a autonomia, mas o que se vive é uma certa negligência. Então esse “solto” é quase que uma desresponsabilização ou desobrigação dos cuidados parentais.

Essa polaridade entre “filhos soltos e filhos presos” parece, na verdade, ser malcolocada, uma vez que tende a uma anulação recíproca, além de conceber o filho como um encarcerado, podendo estar preso ou solto.

O processo educativo está para além do estar “preso ou solto”, pois tem muito mais a ver com a responsabilização dos pais e a possibilidade de crianças e adolescentes viverem os exercícios progressivos de suas autonomias. Infelizmente, uma série de situações dos contextos de desenvolvimento terminam incidindo na forma como os cuidadores têm lidado com crianças e adolescentes, por vezes limitando, por vezes negligenciando.


Imagem de destaque: @renebbernal

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