Entre outras mil, por que tu, Brasil?

Mirna Neves Lomanto*

 

Há menos de quatro messes atrás estufávamos nossos peitos para cantar a nossa pátria amada e idolatrada. Durante a Copa do Mundo fingimos que de amor e esperança a terra desce, mas as máscaras caíram e o ódio ganhou espaço, hoje a nossa esperança não passa de medo. O Brasil está acorrentado ao conservadorismo de uma sociedade retrógrada.

Nascer e crescer no Brasil sempre foi, para mim, um privilégio. Vir de um país onde as pessoas são receptivas e alegres, na minha ingenuidade, superava todos os problemas sociais, políticos e econômicos que enfrentamos. Há dois meses estou morando na Alemanha como estudante de intercâmbio e sentir na pele a distância da cultura festiva e acolhedora doeu, mas o que realmente me machuca, dia após dia, é ver que essa imagem de um país de solo que é mãe gentil e gigante pela própria natureza perdendo-se a medida que o fascismo se fortalece. Não consigo mais disfarçar a vergonha ao me perguntarem sobre o governo ou as eleições. Como explicar que um dos países com mais pluralidade e diversidade no mundo grita pela morte da comunidade LGBTQ+, dos negros, índios e das mulheres? Como explicar ao povo alemão que parte da população brasileira leva suásticas no peito e os ideais nazistas na cabeça, sendo que até hoje a Alemanha sofre e carrega nos olhos as lágrimas e nas costas a vergonha e o peso das atrocidades cometidas na segunda guerra?!

O candidato a presidência Jair Bolsonaro homenageou o torturador Coronel Ustra em pleno Impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que teve ratos colocados na vagina por tal torturador durante a ditadura militar de 64. O candidato ainda afirma que não empregaria uma mulher com o mesmo salário e que sua filha mulher é resultado de uma fraquejada, que ter filho gay é falta de porrada, que é favorável a tortura, que não entraria um avião pilotado por um cotista e que usa o mesmo slogan da Alemanha nazista: “Brasil acima de tudo” (originalmente “Deutschlandüberalles”,que significa Alemanha acima de tudo). Os posicionamentos ideológicos do candidato são claros, a essa altura do campeonato tentar justificar tais falas como momentos de estresse não é suficiente. Tais discursos compactuaram para disseminação do ódio e concretização da violência. Nosso povo está sendo assassinado. Essas eleições não são voltadas para uma questão partidária e sim de humanidade. O próprio ex-líder da KuKluxKlan declara que o candidato Bolsonaro soa como um deles.

O momento agora é o de ter paciência. Conversar com quem pretende votar nulo e apresentar argumentos para que esses se juntem na luta pela democracia. Assim como dialogar com os eleitores do Bolsonaro, para que esses possam refletir e repensar no próprio voto, afinal, parte dessas pessoas não são fascistas, mas são influenciadas pela quantidade esmagadora de fakenews, pelo antipetismo, pela perda da fé no sistema político e pela crença de uma crise moral por parte de alguns religiosos, exatamente como ocorreu com Hitler 80 anos atrás. Não podemos deixar a história continuar a se repetir.

E hoje, mais do que nunca, o meu coração é vermelho, minha bandeira é da cor do amor e é com empatia que devemos tocar o nosso caminhar. Devemos lutar para quebrar as correntes do conservadorismo que ferem a existência de tantos, pois juntos somos resistência, afinal, como escreveu Jorge Amado, no livro Capitães da Areia, a revolução é uma pátria e uma família.

*Mirna Neves Lomanto é Estudante do Ensino Médiona Escola Criação, em Amargosa – BA e está em intercâmbio em Rodenkirchen, Alemanha. Contato: mirnalomanto@gmail.com


Foto de destaque: Fernanda Carvalho/FotosPublicas

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