Discurso de Posse do Presidente Eleito da SBHE Prof. Carlos Eduardo Vieira

Transcrito pelo professor Luciano Mendes de Faria Filho no IX CBHE em João Pessoa, 17 de Agosto.

 

Boa noite a todas e a todos.

Inicialmente quero manifestar minha satisfação de presidir a SBHE no biênio 2015-2017 e o meu sincero agradecimento pela confiança depositada sobre a chapa, que neste momento toma posse para dirigir a nossa entidade pelos próximos dois anos. Esperamos poder atender às expectativas de todos e todas que nos tem apoiado, com sugestões e críticas ao nosso trabalho.

Somos falíveis, mas abertos às correções. Não pretendemos impor uma visão e uma direção à comunidade de historiadores da educação, mas sim interpretar o momento vivido pelo nosso campo pesquisa, pela comunidade acadêmica brasileira e pelo país e, assim, conduzir as ações e as manifestações da SBHE em fina sintonia com os horizontes e anseios da coletividade que representamos. Não se trata de tarefa fácil, considerando a diversidade de perspectivas que compõe a SBHE, contudo a experiência das gestões que nos sucederam e a nossa própria experiência, demonstram que é possível seguirmos juntos. Os conflitos de opiniões não nos preocupam, pois são saudáveis, já que dinamizam e aprofundam nosso debate. A sabedoria está em não deixar que estes conflitos ultrapassem os limites da cordialidade, do respeito e, sobretudo, não nos paralise e não nos divida.

A SBHE é uma construção coletiva, sem donos ou hegemonias vocacionadas para a supressão da pluralidade. Estatutariamente a entidade prevê eleições livres, diretas e alternância entre os ocupantes dos seus cargos. Nesse sentido, a direção que se pretende é justamente aquela que aponte para a pluralidade, seja em termos epistemológicos ou de representação regional ou institucional.

Reiterada essas manifestações de fidelidade aos princípios da direção coletiva e da constate vigilância para evitar a concentração de poder e o silenciamentos de posições, sejam elas individuais ou coletivas.

Gostaria de agradecer o aprendizado adquirido ao longo destes dois últimos anos, na convivência com as Professoras Claudia Cury, Libania Nacif e com o Professor Carlos Henrique de Carvalho. Reunião mensais pelo Skype, tornaram-nos próximos, amigos. E como amigos, não tivemos problemas em divergir, para depois, decisão tomada, trabalharmos juntos, dividindo tarefas, riscos, responsabilidades pelos erros cometidos e, também, as alegrias pelos objetivos atingidos e pelas decisões que se revelaram acertadas.

Agradeço também aos Diretores e suplentes das regionais, do Conselho fiscal que não se furtaram a trabalhar quando solicitados ou, de forma, proativa, quando nos trouxeram questões e soluções relacionadas às demandas das suas regiões ou, no caso do CF, das finanças da SBHE. Muitos suplentes das regionais tornam-se, nesta chapa que neste momento toma posse, titulares das suas regiões, da mesma forma que os alguns suplentes do CF, são agora titulares na função. Outros principiam na diretoria, como Silvia Brito na Tesouraria e Marcus Taborda, na Secretaria. Nas regionais e no CF tbém temos muitas renovações. A todos e todas, remanescendo ou iniciando na diretoria, obrigado pela confiança na organização e condução da nossa proposta, espero não os decepcionar e poder conduzir com racionalidade e sensibilidade o trabalho da entidade, sintam se reconhecidos e legitimados pelo voto da comunidade, e sejam bem-vindos ao trabalho.

Agradeço à Comissão Organizadora Local do IX, e faço isso em nome da Professora Claudia Cury e do Professor Antonio Pinheiro, dois amigos que levarei para toda minha vida e que junto com um grupo destemido, sereno e eficiente professores, funcionários e estudantes paraibanos, tornaram possível esse evento, mesmo que esteja ainda em curso, já se equipara às melhores tradições dos CBHEs. Obrigado pelo cuidado, pelo respeito, alegria e simpatia que têm marcado nossas relações, desde o momento da definição de João Pessoa como sede do evento.

Agradeço a Comissão Eleitoral e faço isso em nome da Presidente Prof. Surya Aaronovich Pombo de Barros, pela lisura e transparência com que conduziram o processo eleitoral.

Como já mencionamos na abertura do IX CBHE os tempos são difíceis e, assim, é preciso prontidão e firmeza nas manifestações, sejam elas relacionadas às questões acadêmicas ou as de caráter mais amplo, políticas, que envolvam a defesa da democracia e do Estado de Direito, a denúncia contra a disseminação de preconceitos ideológicos, raciais, sociais, de gênero ou de orientação sexual, ou a manifestação em defesa dos direitos sociais, particularmente daqueles relacionados a educação pública.

Sobre os rumos da educação pública no Brasil, é preciso destacar que os poucos avanços que tivemos neste setor correm riscos, logo todos os dias são dias para comparecer às trincheiras, escrevendo e assinando manifestos, mobilizando a opinião, acompanhando e participando, tanto dos momentos de resistência, como daqueles que ensejam a elaboração de proposições.

O que é fundamental em uma associação científica como a nossa, é não se limitar apenas às nossas demandas e problemas específicos. Abrir horizontes, fazer aliados, somar com a comunidade científica, universitária e movimentos sócias, é o modo de demonstrarmos o que a história da educação e a sua comunidade de pesquisados têm a contribuir com a sociedade. Esse movimento para fora, em direção ao mundo, não nos afasta do nosso objetivo de produzir conhecimento rigoroso sobre o passado educacional, pelo contrário, é com pesquisas cada vez mais amplas e consistentes que atingiremos metas socialmente significativas, oferendo aos nossos alunos, futuros professores e pesquisadores, instrumentos para interpretar o mundo, se desembaraçando das mitologias e do culto das novidades e das modernidades que tanto assombram o espaço da escola.

É nossa visão que o historiador da educação tem como função precípua de desconstruir as retóricas reformistas que repetem fórmulas vazias de sentido e carentes de poder de transformação. Mudar tudo, para deixar tudo como está, não é nossa opção. Nossa opção é por contribuir com a memória e a história do movimento docente, participar da construção de um conhecimento sobre a escola, que mostre esse espaço como um lugar de resistência e de subversão às lógicas conflitantes com a experiência e os horizontes de expectativas daqueles que na escola estudam, trabalham e, assim, criam uma cultura e uma identidade próprias.

Se estudo do passado não oferece lições para o presente, assim como pretendia a fórmula da história magistral vitae, o seu conhecimento aguça e aprimora a tomada de decisões em torno dos dilemas que, tanto no passado, como no presente, se impõem aos envolvidos com o campo educacional.

Esse é a nossa posição e compromisso com a história da educação e com sociedade brasileira.

Obrigado!

 

A cerimônia de abertura do IX Congresso Brasileiro de História da Educação pode ser vista no YouTube.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *