Dia das(os) Professoras(es): razões para a comemorar

Toda comemoração é um trabalho de memória. É o esforço coletivo de atualização de uma tradição, buscando reconhecer-lhe sentido no presente. As comemorações são eventos, pois, de produção e compartilhamento de sentidos e significados. É por meio das comemorações, ainda que não exclusivamente, que o passado se insere no presente de forma consciente e, de certa forma, objetiva.

Nos tempos em que estamos vivendo, em que o passado tem sido intensamente mobilizado, não para justificar, mas para fundar o presente e justificar o futuro – vide o lema “Ordem e Progresso” do governo Temer ou os fundamentos do projeto “Escola sem Partido” –, a comemoração do Dia das(os) Professoras(es) é um momento importante de disputas pelos sentidos da profissão e, mesmo, da educação.

Do ponto de vista societário, certamente que temos muito a comemorar junto com as professoras e professores da educação básica. A despeito dos intensos investimentos – da mídia, dos empresários e do próprio Estado brasileiro – em desqualificar a educação pública, não há dúvida de que a escola é a mais republicana de nossas instituições. É a escola a mais inclusiva, mais capilar e mais abrangente das instituições públicas brasileiras, e que, a despeito de tudo, continua cumprindo um importante papel na vida de milhões de brasileiros e brasileiras.

Ao longo da história, a expansão e qualificação da escola pública esteve intimamente atrelada à ação individual e coletiva das(os) professoras(es).  As pesquisas em história, sociologia e política da educação mostram o quanto a atuação dos coletivos docentes foi, e tem sido, fundamental para a expansão e democratização da escola pública, da educação infantil à pós graduação. Essa dimensão política, portanto simbólica e prática, da ação docente não pode, ser esquecida no momento em que comemoramos o Dia das(os) Professora(res).

Do mesmo modo, são as professoras e professores que, todos os dias, ao longo das semanas, meses e anos que compõem a trajetória escolar de milhões de crianças e jovens brasileiras(os), estão na escola para acolher, cuidar e educar aqueles que chegam ao mundo. Dessa disponibilidade das(os) docentes usufruímos todos nós que temos filhos e filhas e, diretamente a sociedade como um todo, já que a sua continuidade depende da natalidade.  É por isso, também, que Hannah Arendt dizia que o imperativo da educação é a natalidade: é porque nascem crianças no mundo que a educação é necessária e, com elas – as crianças e a educação – ,  a continuidade do mundo é possível.

Mas é também devido às dificuldades vividas atualmente por milhões de professoras e professores no exercício da profissão que as comemorações são necessárias. Estas são momentos de, coletivamente, indagarmos sobre o passado que autoriza esse nosso presente e nos perguntarmos por que ainda não temos salários, carreira e condições de trabalho dignos para tão importante profissão. Quais as escolhas presidiram, e presidem, os investimentos simbólicos e materiais de nossa sociedade e, particularmente, do Estado Brasileira em suas diversas instâncias? Quais as nossas responsabilidades pela constituição, manutenção ou transformação desse estado de coisas?

As comemorações ou, inclusive, a falta de comemorações do Dia das(os) Professoras(es) são importantes para anunciar, ou denunciar, que a docência é um projeto societário e que as “dores e as delícias” de ser professora ou professor não afetam apenas a essas(es) profissionais.  É por isso que todos temos o que com-memorar nesse dia, mesmo aquelas e aqueles que se imaginam protegidas(os) da docência, pois dela, como da escola, ninguém escapa!

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