Deixemo-nos educar pelos oprimidos

Priscilla Bahiense

No dia 28 de abril teve início, na Universidade Federal de Minas Gerais, o II Congresso Internacional Paulo Freire: O legado global. O evento, que foi organizado por professores da Faculdade de Educação da UFMG, teve sua abertura marcada pela presença de povos indígenas e da Guarda de Congado 13 de Maio, que representaram, por meio de ato cultural e político, os saberes tradicionais desses grupos marginalizados socialmente. Ao representarem seus povos, os líderes indígenas e do Congado denunciaram a atual conjuntura política e social brasileira.

A mesa de abertura do Congresso, por sua vez, teve a representação de autoridades e acadêmicos que participaram da construção do evento. Estiveram presentes o prof. Júlio Emílio Diniz Pereira, organizador do Congresso; a professora Ana Maria Araújo Freire, mais conhecida como Nita Freire, presidente de honra da comissão organizadora; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Tarcísio Mauro Vago; o ex-reitor da UFMG Tomaz Aroldo da Mota Santos; a diretora da Faculdade de Educação, professora Juliane Correa e a diretora do Coltec, professora Tânia Margarida. Ponto comum da fala de todos os presentes foi a importância de Paulo Freire nos dias atuais, em que o Brasil passa por um período de crise institucional que marginaliza ainda mais a população mais pobre.

Para a Conferência foi convidado o professor emérito da UFMG, Miguel Arroyo. O professor, que pesquisa e acompanha de perto movimentos sociais, teve como tema de sua fala “Paulo Freire: Um outro paradigma para o pensamento pedagógico”, que enfatizou a importância de Paulo Freire nos últimos anos, nos quais os oprimidos sofrem ainda mais com a retirada de direitos básicos. Por isso, para Arroyo, é importante refletir sobre “de que pensamentos nos aproximamos nos dias atuais”, uma vez que há, no momento, uma radicalização da violência e dos processos de opressão e desumanização. Para Miguel Arroyo, essa violência se manifesta em execuções de líderes de movimentos sociais, como aconteceu com Marielle Franco, por exemplo. Diante disso, mais uma vez o público foi interrogado ao ser questionado sobre “com que pensamento pedagógico de Paulo Freire das faculdades de educação irão preparar seus alunos diante do cenário atual”?

Miguel Arroyo, com sua fala provocadora, ainda denunciou o golpe parlamentar de 2016 e relembrou o Brasil dos últimos 15 anos, em que as minorias passaram a ter acesso ao ensino superior. Para o professor, “a escola é mais do que escola. A escola é a afirmação de sujeitos que lutam pela dignidade humana”. Nesse espaço de afirmação que é possível construir uma sociedade que reconhece seus direitos e os reivindica. Por fim, Arroyo termina sua fala fazendo um convite: “Deixemo-nos educar pelos oprimidos”.

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