Crônica de um Caos Antecipado: dizer do mesmo não é mais o mesmo

Ivane Laurete Perotti

Democracia é a forma de governo em que o povo
imagina estar no poder. (Drummond)

Quando algumas vozes abriram as pregas vocais, era tarde. Restos do pendão auriverde se lhes descia goela abaixo. Às classes categorizadas e mantidas abaixo da média de sobrevivência física, intelectual e econômica apresentou-se o diapasão da vontade: acostumar-se ao inaudito e trágico ferrolho da suposta democracia, ou morrer em estado de inércia comandada. Um ou outro eram um e outro: a mesma lâmina com apenas um lado aparente.

No ápice das decisões que avançam as madrugadas insones, um discurso debate-se por entre as paredes dos muros históricos: “… o ser humano se adapta a tudo, inclusive ao caos.(Cury)

Acostumadas à curva e ao peso do relho, algumas goelas aceitam as fraldas introduzidas na cava dos gorgomilos secos. Há muito a ser contado, denunciado, mas as guerras pessoais perdem-se nas moitas ralas das manifestações do povo desencontrado: A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes.” (Marx).

O desencanto é a mãe da morte psíquica, órfã de si mesma e ignorante de seu lugar na sociedade. Enquanto todos murmuram, carentes das manobras que representam o comando da equidade, da justiça na balança e do cumprimento das leis instituídas, O capitalismo gera o seu próprio coveiro.” (Marx)

No funeral de uma nação, não se convidam jovens e anciões, ambos perderam-se a caminho do ritual; tampouco convidam-se os maduros, pois estão abrindo valas para os que se acreditam perdidos; menos ainda convidam-se as crianças, pois estão todas elas, absolutamente todas, à espera de um sinal para aplaudir ou para chorar: as únicas a sofrerem várias e múltiplas vezes a dor da percepção sem direito ao discurso. No funeral de uma nação, a dor do não fazer e não dizer fere a terra em virulentas feridas que não representam as lágrimas escondidas em berço de espera. Não há berço esperando o corpo do povo sufocado.

Das janelas semiabertas, algumas frases moribundas saúdam o improvável mérito de uma suposição: “A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente. (…) é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes.” (Shaw)

 E agora, Mandela? Se ” …a educação é a mais poderosa arma pela qual se pode mudar o mundo.” (Nelson Mandela), o que resta aos gorgomilos secos?


Imagem de destaque: Samuel Zeller/Unsplash

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