Breve análise das relações pedagógicas entre biologia, ecologia, geografia e história no âmbito do turismo

Vagner Luciano de Andrade

O presente texto aborda sinteticamente a educação, a identidade, a natureza e o patrimônio enquanto pilares interdisciplinares do turismo sustentável na contemporaneidade. Se levarmos em conta que a ideia básica do turismo seja o deslocamento dos homens, então indiscutivelmente a atividade turística é algo inerente à essência humana desde os primórdios da humanidade. O homem sempre se deslocou, se desloca e se deslocará. Foi assim na Pré-História, na Antiguidade, no Medievo, na Modernidade e continuará sendo na contemporaneidade. Muito embora, a atividade turística já acontecesse na época do Império Romano e se expandisse com as Cruzadas e as Grandes Navegações, apenas no século XIX a atividade se formata através das ações de um empreendedor, Thomas Cook, que se torna oficialmente o pai das viagens programadas. Mas quem está viajando na era contemporânea? Todos aqueles que buscam as muitas vantagens e potencialidades educativas oriundas desta atividade sustentável. Enquanto agente de sustentabilidade, o turismo incorpora elementos indispensáveis à manutenção socioeconômica de localidades rurais e urbanas.

Além disso, o turismo apresenta muitos proveitos do ponto de visto biopsicossocial: é uma ação educacional prazerosa, incentiva o conhecimento de novos lugares e o intercâmbio entre diferentes grupos sociais, promove a aproximação étnica, social e religiosa, proporciona o desenvolvimento socioambiental das localidades, além de ser considerável atividade geradora de riquezas econômicas. Atualmente, o turismo é o ramo que mais cresce no mundo e países como Espanha e França possuem a participação do ramo em 30% de seu PIB. Na escala de volume de renda é o segundo, perdendo apenas para indústrias petrolíferas. O fluxo turístico internacional em 2006 aproximou-se a mais de 800 milhões de viajantes e em 2010 foram mais de um bilhão de viajantes. No caso do Brasil, um país de dimensões continentais e múltiplas paisagens e possibilidades turísticas, os principais motivos da viagem se devem ao fato do potencial existente, tanto no aspecto natural, quanto cultural e religioso:sol e praia, esportes, turismo pedagógico, aventura, turismo cultural, ecoturismo, turismo rural, negócios, dentre outros nichos de mercado. Diante das perspectivas de 2014 (Copa do Mundo) e 2016 (Olimpíadas), notam-se indiscutivelmente as possibilidades do turismo para empreendedores faturarem posteriormente com esta atividade. Nestesdois anos, o Brasil se mostrou ao mundo.

Paisagem enquanto elemento diferenciado de ensino e aprendizagem na educação contemporânea. Foto: Vagner Luciano de Andrade

A educação no turismo através da contemplação, da percepção, da interpretação ambiental, da interação e da reflexão tem um papel relevante na contemporaneidade ao socializar informações que efetivamente convoquem cada um à ação individual ou coletiva para se mudar a realidade socioambiental. Assim, numa perspectiva fenomenológica, através dos cinco sentidos é possível viajar, perceber, interpretar e analisar as diferentes materializações do conflito entre homem e natureza. Para se repensar numa prática integradora e perceptiva de educação a partir de conteúdos formatados, faz-se indispensável elencar um mosaico de paisagens para visitas e a partir dele explorar possibilidades didático-pedagógicas de leitura e interpretação ambiental do meio, identificando diferentes espacialidades e temporalidades. A percepção ambiental, além de ser uma área de estudo das Neurociências, é também uma das escolas geográficas que propõem uma nova forma de analisar os diferentes processos que formatam a vida em sociedade e as consecutivas implicações no meio ambiente.

Perceber o mundo para nele intervir de maneira harmônica e equitativa é uma das premissas educacionais que moldam novos projetos educacionais diferenciados. Perceber é uma forma de inovar, de romper com o tradicionalismo que historicamente molda a formação humana. Perceber é sair das barreiras existentes, das salas fechadas e ir para o mundo, para lê-lo, entendê-lo e atuar sobre ele de maneira consciente, crítica e coesa.  Perceber diferentes paisagens naturais, rurais ou urbanas, é uma das muitas possibilidades do fazer pedagógico aplicado ao turismo, quando este viabiliza diferentes conteúdos serem abordados a partir da saída a campo e das múltiplas vivências proporcionadas pelo mesmo.

Muitas possibilidades educativas no entorno da capital mineira escondem-se em paisagens do Quadrilátero Ferrífero, em especial aquelas localizadas na região de suas serras. A estrutura geológica do Quadrilátero Ferrífero é formada por rochas do período Pré-cambriano (era Proterozóica), no período compreendido entre 2,5 bilhões de anos a 900 milhões de anos atrás, concentrando vastas reservas de água subterrânea, minério de ferro e manganês além de quantidades menores de alumínio, nióbio, ouro, topázio. Esta região é responsável por 80% da produção nacional de minério de ferro, sendo que cerca de 60 a 70% produzido é destinado à exportação. O Quadrilátero é inclusive muito divulgado pelos livros de Geografia cujas abordagens didáticas ressaltam apenas o caráter capitalista da exploração minerária nesta área, sem considerar com detalhes os impactos e devastações decorrentes da continua ação antrópica na região, delineando desta forma, pouca valorização de seus inúmeros atributos ecológicos, socioculturais e históricos. Assim, ao se ressaltar a exploração comercial de minérios sem destacar o impacto negativo destas ações, ignora-se uma área única em termos de biodiversidade e cultura, descartando possibilidades de educação e turismo. Além de sua relevância enquanto província geológica, esta área caracteriza-se como extremamente prioritária para a conservação de fauna e flora, em decorrência do encontro de dois importantes biomas brasileiros declarados cientificamente como Hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado, sendo ainda uma das regiões de maior diversidade florística da América do Sul, com mais de 30% de endemismo viabilizando visitas pedagógicas na área de ciências biológicas, ecologia, geografia e história.

Biologia, ecologia, geografia e história se intercalam na observação de paisagens naturais e culturais. Foto: Vagner Luciano de Andrade

PARA SABER MAIS

Embratur – Plano Aquarela de Marketing TurísticoInternacional do Brasil (2007 a 2010)

Imagem de destaque: Discentes de uma escola privada fazem observações na Serra do Cipó, MG. Foto: Vagner Luciano de Andrade

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