A resistência nossa de cada dia!

Renata Duarte Simões

Quando a democracia, conquistada historicamente por meio de muitas lutas e embates nos campos político, social e econômico, vem sendo ameaçada por um grupo elitista e conservador, faz-se necessário resistir. A eleição de um presidente que faz apologia à violência, à discriminação e à perseguição aos negros, aos pobres, às mulheres, aos homossexuais, aos nordestinos, aos ativistas políticos, aos professores, aos intelectuais, aos artistas, requisita que cada um de nós se posicione na defesa pelas condições sociais de dignidade e sobrevivência dos brasileiros e das brasileiras, conforme determina a Constituição da República Federativa do Brasil.

Pensar e falar de democracia parece algo muito abstrato diante de um cenário de medo, em que constantemente somos ameaçados pelos discursos de ódio e preconceito proferidos pelo recém-presidente eleito e seus seguidores, situação que vem se evidenciando desde o processo eleitoral para presidência, momento em que os discursos ganharam uma tônica mais agressiva.

Problemas relativos à segurança pública e à falta ou insuficiente oferta de serviços públicos, assim como a situação de desemprego acarretada por uma queda na economia, que ainda está 6% menor do que era em 2014, contribuíram para que milhões de brasileiros e de brasileiras optassem por um projeto político extremamente conservador e autoritarista, mesmo que sob a ameaça de extinção da liberdade de expressão dos diferentes grupos sociais.

Esses problemas favoreceram o sentimento de profunda desconfiança em relação aos partidos políticos e às instituições republicanas que foram erigidas pela Constituição Federal, há apenas 30 anos. Tais fatores foram amplamente explorados por uma campanha repleta de notícias falsas espalhadas pelas redes sociais e grupos de Whatsapp, as fake news, ampliando o sentimento de repulsa a partidos de esquerda, que já vinha sendo engendrado pelas grandes mídias nacionais.

O ataque violento a opositores, inclusive com mortes, revela que o cenário é de grave ameaça à vida, à democracia e às instituições republicanas, exigindo posicionamento inequívoco na afirmação dos direitos conquistados. Diante de tamanha ameaça, a questão que nos cerca diz respeito às formas de resistir, aos modos de apresentar resistência em nossas atividades cotidianas, em nossos fazeres diários.

As respostas a tais questões ainda estão em curso. Contudo, destaca-se que a organização de grupos de apoio e defesa do Estado democrático mostrou-se como importante estratégia no período eleitoral e reforça a necessidade de formação de uma ampla frente em defesa da vida e da democracia. A adversidade aproximou pessoas que compartilham dos mesmos ideais de respeito à diferença, de amor e de paz, pessoas que até então se desconheciam, muitas vezes, e que se mobilizaram pelo desejo de uma nação mais justa e acolhedora das diferenças. Agregar-se em torno de uma causa potencializou a capacidade de reflexão, de compartilhamento e de luta dos sujeitos.

As instituições de ensino têm um papel relevante a desempenhar nesse processo, pois são compreendidas como espaços de conhecimento e ampliação das consciências dos sujeitos. O investimento em educação de qualidade, crítica e reflexiva,configura-se como instrumento extremamente importante na luta contra a barbárie, contra a opressão e a morte, pois, como argumentou Nelson Mandela,“a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Todavia, para além do espaço institucional, as escolas e universidades têm o papel fundamental de estreitar laços dialógicos com a comunidade, de aproximar as famílias e demais sujeitos sociais no sentido de consolidar as gestões democráticas já algum tempo defendidas. Cabe, também, extrapolar os muros escolares, solidificados como barreiras institucionais, para se pensar outros espaços formativos e organizacionais de ações democráticas e em defesa dos direitos humanos.

É possível rever o modo como pensamos a sociedade e como construímos nossas visões de mundo, sendo resistência incessante aos projetos opressores e excludentes. Obviamente que as instituições educacionais não têm que assumir sozinhas esse compromisso, mas podem contribuir amplamente na complexa tarefa de transformação social, promovendo o respeito onde existe a intolerância, estimulando a coragem onde há o medo, buscando a paz onde existe o conflito e inspirando a esperança onde há o desespero.

Imagem de Destaque: @serjosoza

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