A curiosidade como ingrediente da aprendizagem

Nathália Bender Tessaro
Samuel Willian Schwertner Costiche
Raquel Angela Speck

 

O pragmatismo ao qual a educação passou a se sujeitar a partir dos últimos dois séculos acabou por retirar da escola uma importante característica: ser interessante. Ao longo dos anos nos bancos escolares, nos acostumamos com as aulas em que apenas o professor expõe o conteúdo voltado à um fim pré-determinado, sem que necessariamente sejamos partícipes do processo, a não ser como ouvintes.

A partir da aquisição novas ferramentas matemáticas, lógicas e dialéticas passamos a desenvolver a capacidade de resolver problemas novos e mais complexos. No entanto, quando adotamos um objetivo para algo que não envolva a própria atividade que estamos desenvolvendo, corremos o risco de imergir em algo pouco interessante para nós, e logo, pouco significativo. É preciso considerar que o objetivo buscado precisa ser algo realmente desejado, pelo que o caminho a ser percorrido faça sentido. É assim que também ocorre em outros aspectos da nossa vida, como no trabalho, por exemplo. Trabalhamos arduamente não pelo próprio ofício, e sim por tudo aquilo que alcançamos através dele. De igual modo, o aprendizado, compreendido historicamente como uma forma de se alcançar algo (um diploma superior, uma melhor posição no trabalho ou o reconhecimento social), mostra-se como uma ferramenta para alcançar algo além de si mesmo, ou seja, o interesse real em estudar não está em seu próprio prazer, mas nas possibilidades nele contidas.

Então, o que acontece quando o objetivo que traçamos com o estudo não é alcançado? Os índices de evasão escolar e repetência alcançam níveis cada vez mais altos desde 2014, chegando a 7,7% no nono ano do ensino fundamental, e 12,7% em média para o ensino médio, alcançando até 16% no Pará, o Estado com a taxa mais alta. Além disso, o desencanto e a procrastinação para com o estudo, em função dos extraordinários recursos da internet, sintetizam motivos para que, cada vez mais, se busquem novos métodos de ensino capazes de estimular o interesse pela aprendizagem não só como resultado, mas também enquanto processo.

Uma pesquisa feita em São Paulo, envolvendo 100 jovens entre 14 e 18 anos, revelou que, além de possuírem diversas contas em redes sociais e passarem cerca de 3 horas por dia navegando, eles não mantinham o hábito de realizar atividade física. Já em 1996 uma pesquisa conduzida por Kimberli S. Young revelou que, de 496 estudantes, 396 relataram que o uso da internet trazia prejuízos para sua vida pessoal, acadêmica e profissional. De lá para cá, as relações entre os jovens e a internet se acentuaram exponencialmente, e a principal razão para isso concentra-se no fato de que a internet é um espaço dinâmico, democrático, sociável e aberto.

Diante disso, torna-se necessário reavaliar o método pelo qual a educação tem se desenvolvido no Brasil. Somente instigando o estudo, atribuindo-lhe um caráter prazeroso, e criando um ambiente dinâmico e participativo será possível levar o aluno a encontrar no aprendizado a mesma motivação existente para fazer uso da internet. À escola cabe a tarefa de criar as possibilidades de um contato direto com o mundo, com as pessoas e com toda a riqueza de conhecimentos que existem para além da sala de aula. Em outras palavras, é preciso que o aluno perceba que aprender pode ser um ato interessante e prazeroso, pois que este aprendizado diz respeito à sua própria realidade vivida.

O incentivo à curiosidade torna-se ingrediente fundamental na promoção de situações de aprendizagem que busquem apreender o mundo, interagir com o objeto de estudo e retroalimentá-lo pelo processo de ação-reflexão-ação. Como afirma Paulo Freire: “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”.

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