A sociedade em nível planetário vive um gigantesco retrocesso. Os tempos d’agora são marcados fundamentalmente por surtos psicopáticos, por ataques de ódio sem quaisquer justificativas palpáveis, sem motivos ou explicações. Na sociedade moderna dos tempos presentes o ser humano se coisifica, se transforma literalmente em mercadoria. Os projetos de sociedade, de homem e de natureza possuem características apenas quantitativas, tudo é transformado em números, em análise estatísticas e os homens constroem para si uma lógica irracional de competição, onde a moeda corrente é a eliminação do outro em detrimento do lucro e do infinito crescimento expandido do capital. Tudo se justifica pela ótica do neoliberalismo, onde qualquer coisa, inclusive nós mesmos, é transformado em mercadoria.
No Brasil, estas características ficam bem mais evidenciadas em função da ausência de um governo comprometido com a solidariedade e os valores humanos. Porém, existe ainda uma multidão de seres humanos que ainda preservam seus valores essencialmente humanos e espalham o amor como arma legítima e potente para a superação do ódio. Os homens portadores de valores autênticos de humanidade trabalham incansavelmente, espalhando esperança (do verbo esperançar, na concepção de Freire), carinho, solidariedade, enfim, espalhando doses de amor.
Por outro lado, o ódio que corrói a existência e essência humana, não trabalha. Ele passeia pelo mundo afora espalhando conflitos, terror e a destruição do homem pelo próprio homem. O ódio não tem potência por longo tempo, ele se esfarela diante dos valores essencialmente humanos, ele se esvai diante da potência criativa do amor. O ódio não segue uma lógica e, como não tem lógica, ele não se sustenta em si mesmo e desmorona. Tudo é questão de tempo. O ódio gosta de passear, sem propósitos, sem projetos de vida, de mundo, de sociedade e de natureza. E, por não possuir nenhum projeto, ele não se sustenta.
Em nosso país ele passeia constantemente pelas redes sociais, pelas motociatas, pelas lanchiatas e pelo discurso vazio, sem propostas e que só se sustenta por intermédio dos holofotes dos conflitos. Ódio e amor não se misturam, são como água e óleo, onde o óleo contamina a água, porém ele pode ser decantado, separado da água, deixando-a novamente límpida e saudável. O ódio necessita de holofotes, de publicidade, pois é uma coisa vazia, desprovida de quaisquer propostas e, sem mídia, sem holofotes ele perde sua audiência e os pilares que o mantém de pé, o conflito, o terror e a morte.
Já o amor unifica os seres humanos, não necessita de holofotes e nem de mídias. Ele se mede pela ação solidária e não pelo discurso vazio, inócuo. Ele tem a potência exata para provocar o debate saudável e construtivo, ele constrói pontes que unem pensamentos diversos, ele fortalece a potência de vida dos seres humanos. São por estas e outras que o amor trabalha. Trabalha em prol de uma sociedade mais justa e solidária, um mundo mais fraterno a serviço dos setores mais sofridos e explorados desta sociedade marcada por um quase intransponível abismo da desigualdade social.
Diante de tudo que foi exposto podemos aferir que o amor é uma construção a muitos braços, portanto, um trabalho cuidadoso e delicado. O ódio perde sua razão de ser diante do amor, ele se esvai diante da gentileza, da generosidade do diálogo construtivo. Neste sentido, de tempos em tempos o ódio aflora e depois morre, a história já nos provou isso diversas vezes. Assim o amor se constrói pelo trabalho enquanto o ódio passeia a ermo, sem quaisquer propósitos e, com toda certeza, será brutalmente derrotado pelo conjunto de homens, mulheres, jovens e crianças de todas as cores e todas as crenças e que, mesmo na adversidade estão com os corações repleto de amor. O amor trabalha e sobreviverá sempre, enquanto o ódio passeia fugindo de sua própria derrocada fatal. Caras e caros leitores, lembrem-se sempre: o amor é coragem enquanto o ódio é covarde e só sobrevive no escuro.
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