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No último dia 18 de abril, o governo Bolsonaro nomeou Victor Godoy Veiga, que estava como interino, ao cargo de Ministro da Educação. Godoy substituiu o pastor Milton Ribeiro, forte suspeito em escândalo de corrupção envolvendo o MEC com a criação de uma estrutura paralela para beneficiar pastores associados ao governo, que, conforme amplamente noticiado na imprensa, o mínimo que fizeram foi cobrar propina em ouro para distribuir verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Mesmo com áudios que evidenciavam o esquema, a Procuradoria Geral da República, no último dia 19 de abril, informou ao Supremo Tribunal Federal que não via indícios de corrupção no MEC e que não tomaria nenhuma providência.
Godoy é formado em engenharia pela Universidade de Brasília (UNB) e fez pós-graduação em Altos Estudos em Defesa Nacional na Escola Superior de Guerra. É servidor de carreira e trabalhou na Controladoria Geral da União desde 2004 até 2020, quando virou secretário-executivo do MEC. Não temos, assim, boas perspectivas quanto à formação do novo Ministro para o exercício de sua função.
Em sua curta carreira na área da educação, o fato mais relevante de Godoy foi ter ameaçado de demissão, com anuência de Milton Ribeiro, gerentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) por investigação a uma possível fraude no ENADE de 2019. A investigação averiguava possível fraude cometida pela UNIFIL, que tem ligações diretas com a Igreja Presbiteriana Central de Londrina. O chanceler da universidade é pastor desta Igreja e o seu irmão era o reitor.
A nomeação contradiz, mais uma vez, o discurso do governo Bolsonaro, que por várias vezes afirmou que nomearia ministros por critérios eminentemente técnicos às suas respectivas áreas. Até então, na chefia da pasta tivemos uma pessoa ligada ao exército, dois economistas, um pastor, e agora um engenheiro com carreira na CGU e formação na Escola Superior de Guerra. Quais os critérios técnicos de Bolsonaro para a escolha de Godoy para o Ministério da Educação? A menor ligação possível ou apenas uma ligação lateral, com a área de educação?
Pelos últimos quatro Ministros da Educação do governo Bolsonaro, as expectativas são as piores possíveis. Afinal, este governo demonstrou a rara capacidade de sempre piorar o que já era muito ruim. O plano privatista, aparelhador e de destruição da educação pública por asfixia devido à falta de verba sempre falou mais alto no caso do atual governo. Nos resta acompanhar e nos preparar para os prováveis próximos enfrentamentos.
Sobre o(a) autor(a)
APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022
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