Reunião Anual da SBPC: ciência e política

Há um ano, quando da reunião anual da SBPC na Universidade Federal do Sul da Bahia, vivíamos um momento sombrio da vida nacional: era o momento em que o governo golpista do vice-presidente começava a por em prática o seu plano de destruição das políticas públicas e do Estado Nacional. Foi um momento em que, também, a Direção da SBPC foi acusada de estar muito condescendente em relação ao governo que assumia.

Hoje quando se aproxima a Reunião Anual de 2017, estamos de novo num momento crucial. A recusa da Comissão de Constituição e Justiça em aceitar a denúncia contra o presidente golpista, apesar dos contundentes indícios de corrupção que pesam contra ele e, por outro lado, a condenação, sem provas, do ex-Presidente Lula, jogam o país numa zona de incerteza jurídica e política cada vez sombria.

Diante desse quadro e da cada vez mais difícil situação das universidades e do financiamento da ciência e da tecnologia no país, o evento reveste-se de particular importância. Como em outros momentos, os pesquisadores e pesquisadoras reunidos na Reunião Anual da maior sociedade científica da América Latina têm diante de si a importante tarefa de aliar a discussão científica àquelas relativas aos destinos políticos do país.

Ao longo de sua história, a SBPC, seja por meio de sua Diretoria seja como Congregação de Pesquisadores(as), teve um papel fundamental na organização da resistência à implantação do estado de arbítrio e da defesa da justiça e das liberdades democráticas no Brasil. A instituição soube aliar, de forma muito contundente e expressiva, a defesa da ciência e do Estado Democrático no país. Ciência sem Democracia não é algo aceitável!!!

É por isso que se espera que o encontro entre os milhares de participantes da Reunião Anual da SBPC possa significar um momento importante de manifestação da comunidade científica nacional sobre o desmonte das políticas públicas, do sucateamento do sistema nacional de C&T e das instituições públicas no país. Do mesmo modo, imagina-se que a Diretoria da SBPC, tanto a que está saindo como a que está entrando, não tenha dúvidas sobre a posição que deve tomar e que assuma a liderança do movimento de resistência ao arbítrio e à destruição das instituições públicas brasileiras, sejam elas científicas ou não.

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