Eu casulo – Eu borboleta – Memórias em Movimento

Paixão Sessémeandê

A obra Nós Negros: Malu Avelar, nos atenta à (des)construção do olhar, guiada pelas movências imbricadas nas  escrevivências, segundo Conceição Evaristo (2008). Transita em um passado ancestrálico, num presente pandêmico, devasto e conduzido ao isolamento, apresentado na Tv SESC com escrita e direção de Ana Paula Mathias, por meio da residência artística PlusAfroT, criada por Mario Lopes e curadoria de Diane Lima.

O trabalho descrito é uma das 10 cenas escolhidas a partir de uma observação ativa deste  trabalho crítico, reflexivo e cinematográfico, carregado de movimentos urgentes sobre ancestralidades e suas subjetividades.

A cena, assim como suas movências, parte de um lugar onde a dramaturgia cinematográfica é acrescida pela dramaturgia do corpo e do movimento negro dentro e fora da cena.

Essas dramaturgias atravessam as trajetórias e as subjetividades vividas e vivenciadas pela artista em movimento, sendo uma característica marcante de Malu Avelar na sua relação com a dança na construção de infinitas possibilidades. Peço licença a Nós Negros: Mário Lopes, para parafrasear quando diz: Eu centro, onde digo agora “Eu casulo/Eu borboleta” onde os convido a experenciar partindo da reflexão dos diálogos urgentes, presentes nos corpos em movimento.

A obra em movimento, ressignifica as formas de se falar de “Nós Negros”, por “Nós Mesmos” partindo das movivências carregadas em  nossos copos e corpas de maneira ancestral, de formar a fortalecer o elo existente desde a pronúncia da chegada de nossas vidas.

Corpos em movimento dentro de um espaço tempo, conectando os percursos abertos e fechados, onde, hora somos casulo, e ora somos borboleta, ou, somos centro, onde as margens nos rodeiam.

É explícito na obra o ato de mudanças do  movimento mínimo, quase que imperceptível, porém, de uma grande potência que reverbera o movimento de se permitir ao voo do lado de fora.

As vivências experienciadas aos olhos e ouvidos mediados pela obra nos permite sentir as urgências das construção e experimentações  de dramaturgias que nos atravessam pelas nossas escrevivências, trazidas no corpo, no  movimento, na fala, no  olhar, no modo como se vive.

O movimento, enquanto mediação no espaço tempo, partindo de infinitas possibilidades emergentes e urgentes nas construções, dentro de nossa sociedade, de modo a fortalecer, respeitar  e construir identidades diversas, porém pautadas em suas memórias, baseadas em suas trajetórias antes mesmo de seu  nascimento.

“Eu casulo” me permitiu mergulhar no movimento das palavras, que “Eu borboleta” me permitiu voar para simplesmente refletir e partilhar.

 

Para saber mais:
Consulte o espaço disponível em: https://medium.com/sesctv/o-isolamento-criativo-1c4ff4c13bfc


Imagem de destaque: Galeria de Imagens

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