Das crianças e das políticas do abandono

Ivane Laurete Perotti

Marcas na esteira das infâncias.

Protegidas.

Violadas.

Esquecidas.

Em concha, mãos de lacre.

Tristes.

Em riste.

Balançam o berço sem chão.

Tropeçam nas tralhas.

Mortalhas.

Ideias de infância.

Ciência.

Resgate.

Escrita da história.

Consumo.

Vitória?

Crianças sofridas.

Iludidas, iludem.

Perdidas, pedem o pão: da graça.

Dos traços.

Da mão.

Família sem meio.

Telúrico ato, criança sem chão.

Descem às ruas.

Nuas.

Coladas ao mofo.

Histórico posto.

Desgosto.

Desnutrição.

Ossos pequenos.

Olhos na mão.

Crianças de fato, caminham no átrio,

da consolação.

Não brincam, não jogam.

Não sonham.

Não dizem.

Não pintam.

Perderam o gosto. Na vida.

No mundo.

Profundo abismo.

Androcentrismo.

Desumana combinação.

Criança-projeto.

Adulto concreto.

Marcas da pressa.

Cresça!

Criança-opção.

Farelo de milho.

Amarelinha. _ Conheço, não!

Sacola de trapo.

Ingrata: construção.

Infância política: crítica.

Produção.

Criança na escola.

Viola. Cantiga do não.

Muros erigem a peja.

Talvez seja!

Criança ou não!

Infância temida: desguarnecida.

Balança! Balança, nação!

Ninho tão denso!

Frio!

Abandonado: ocasião.

Ciclo do mito. Cuidado! Criança sem pão.

Criança com medo.

Deixada ao tempo: às telas de vento.

Unguento: televisão.

Teclas. Mídias. Rejeição.

Cuidado!

Crianças no prelo.


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