Cabe à vítima educar?

Alexandra Lima da Silva

Como ficar indiferente ao choro do jogador Luighi, um jovem atleta negro vítima de violência racial nos gramados?

O lamentável episódio de racismo foi televisionado e exposto em rede internacional, e causou comoção no Brasil. 

No debate sobre o ocorrido, a fala da jornalista Flávia Oliveira, foi a que mais me chamou a atenção. Ela, uma mulher negra e de Axé, lançou a seguinte reflexão: mas não deveria caber à vítima, se defender e ainda precisar apontar o que aconteceu ali. As pessoas em volta deveriam ter protegido a vítima. 

E é isso: a vítima não teve o direito de se preservar. 

Sangrando, ele precisou expor  a ferida para que as pessoas compreendessem a gravidade da violência sofrida por ele. 

“É sério isso?, vocês não vão perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo”? E acrescentou: “aqui é formação”! O choro de Luighi educou toda uma sociedade. Mas não deveria. Ele não deveria ter chegado ao extremo de desabar em público. Certamente, aquele não foi o primeiro episódio de racismo sofrido por ele, e só quem define o limite da dor, é quem sofre a violência. 

Para mim, quem assiste a uma cena de violência e nada faz, é cúmplice do agressor. E não, não cabe à vítima educar. A vítima merece empatia, proteção e acolhimento… Isso é a coisa certa a ser feita, é uma questão ética, não é piedade. Se indignar é o mínimo. Não devemos naturalizar o inaceitável.

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