Pesquisas em educação: divulgar é preciso!

Reedição do Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta, no.85, de 03 de junho de 2015

A propósito do lançamento da chamada de artigos para o primeiro número da  Revista Brasileira de Educação Básica, o Blog reapresenta ao leitor um Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta que trata da necessidade de divulgarmos a pesquisa sobre a educação básica no Brasil.

EDITORIAL

As políticas educacionais estão entre as mais complexas iniciativas sob a responsabilidade dos Estados na contemporaneidade.  Por um lado,  há a grandiosidade dos números da educação: 200 mil escolas! Mais de 50 milhões de alunos! Mais de 2 milhões de professores! Orçamento em torno de  250 bilhões de reais! Presença em todos os mais de 5500 municípios brasileiros! Uma rede de serviços de apoio e de interesse a dar inveja a quase todos os setores da economia!

Não menos complexas são, de outro lado, as várias dimensões político-pedagógicas-culturais-sociais da educação. Essas envolvem desde as questões do cotidiano da sala de aula (como se aprende? Como se ensina? Como avaliar?), passando pelos mais diversos mediadores (qual o melhor espaço e equipamento? Qual o melhor material didático? Qual o lugar dos professores?), até as grandes questões macro e/ou estruturais da educação (o que é uma educação de qualidade? Como financiar a educação? Como organizar um Sistema Nacional de Educação?).

 Sendo um assunto tão vasto, de grande complexidade é de se desejar que a educação seja objeto da pesquisa científica. E, mais do que isso, é de se desejar que as práticas e as políticas educacionais sejam baseadas também nos resultados das investigações desenvolvidas sobre a escola brasileira.  Felizmente, tais estudos existem e colocam à disposição dos agentes públicos, dos professores e da população em geral uma soma imensa de conhecimentos sobre as dimensões micro e macro do funcionamento da escola brasileira.

Tais pesquisas são realizadas por uma gama variada de pesquisadores – professores universitários, alunos de mestrado e de doutorado, pesquisadores de institutos públicos e privados, professores da escola básica, dentre outros – e são, em boa parte, financiados com recursos públicos. Considerando apenas a produção brasileira, anualmente são milhares de teses, dissertações, relatórios de pesquisa, artigos e livros publicados na área de educação.

Percebemos, no entanto, que nem sempre há uma boa integração entre aqueles que se responsabilizam cotidianamente pela educação básica de nossas crianças e adolescentes  e aqueles que realizam a pesquisa em educação.  As razões para isso são variadas: falta de boa divulgação da pesquisa; falta de tempo dos professores para tomar contato com o que se produz; falta de interesse dos gestores por fundamentar suas propostas de acordo com aquilo que preconizam os pesquisadores; pressão das agências de financiamento pela comunicação entre os pares (pesquisador para pesquisador) em detrimento da comunicação com a população ou grupos profissionais específicos, como os professores da escola básica, dentre outros.

Esse é um grande desafio que se coloca, hoje, para a comunidade de pesquisadores brasileiros, sobretudo para aqueles que pesquisam sobre a educação básica e se preocupam com a sorte da escola pública. Comunicar as suas pesquisas para a população que a financia é, além de uma prestação de contas, um imperativo ético e uma contribuição importante para a elevação da qualidade educação no Brasil. É, também, uma forma de participar da disputa pelos sentidos da educação e de contribuir para ampliação dos modos de compreensão da própria sociedade em que vivemos.

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Pesquisas em educação: divulgar é preciso!

As políticas educacionais estão entre as mais complexas iniciativas sob a responsabilidade dos Estados na contemporaneidade.  Por um lado,  há a grandiosidade dos números da educação: 200 mil escolas! Mais de 50 milhões de alunos! Mais de 2 milhões de professores! Orçamento em torno de  250 bilhões de reais! Presença em todos os mais de 5500 municípios brasileiros! Uma rede de serviços de apoio e de interesse a dar inveja a quase todos os setores da economia!

Não menos complexas são, de outro lado, as várias dimensões político-pedagógicas-culturais-sociais da educação. Essas envolvem desde as questões do cotidiano da sala de aula (como se aprende? Como se ensina? Como avaliar?), passando pelos mais diversos mediadores (qual o melhor espaço e equipamento? Qual o melhor material didático? Qual o lugar dos professores?), até as grandes questões macro e/ou estruturais da educação (o que é uma educação de qualidade? Como financiar a educação? Como organizar um Sistema Nacional de Educação?).

Sendo um assunto tão vasto, de grande complexidade é de se desejar que a educação seja objeto da pesquisa científica. E, mais do que isso, é de se desejar que as práticas e as políticas educacionais sejam baseadas também nos resultados das investigações desenvolvidas sobre a escola brasileira.  Felizmente, tais estudos existem e colocam à disposição dos agentes públicos, dos professores e da população em geral uma soma imensa de conhecimentos sobre as dimensões micro e macro do funcionamento da escola brasileira.

Tais pesquisas são realizadas por uma gama variada de pesquisadores – professores universitários, alunos de mestrado e de doutorado, pesquisadores de institutos públicos e privados, professores da escola básica, dentre outros – e são, em boa parte, financiados com recursos públicos. Considerando apenas a produção brasileira, anualmente são milhares de teses, dissertações, relatórios de pesquisa, artigos e livros publicados na área de educação.

Percebemos, no entanto, que nem sempre há uma boa integração entre aqueles que se responsabilizam cotidianamente pela educação básica de nossas crianças e adolescentes  e aqueles que realizam a pesquisa em educação.  As razões para isso são variadas: falta de boa divulgação da pesquisa; falta de tempo dos professores para tomar contato com o que se produz; falta de interesse dos gestores por fundamentar suas propostas de acordo com aquilo que preconizam os pesquisadores; pressão das agências de financiamento pela comunicação entre os pares (pesquisador para pesquisador) em detrimento da comunicação com a população ou grupos profissionais específicos, como os professores da escola básica, dentre outros.

Esse é um grande desafio que se coloca, hoje, para a comunidade de pesquisadores brasileiros, sobretudo para aqueles que pesquisam sobre a educação básica e se preocupam com a sorte da escola pública. Comunicar as suas pesquisas para a população que a financia é, além de uma prestação de contas, um imperativo ético e uma contribuição importante para a elevação da qualidade educação no Brasil. É, também, uma forma de participar da disputa pelos sentidos da educação e de contribuir para ampliação dos modos de compreensão da própria sociedade em que vivemos.

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