Eleições e Educação Política

Vivemos no último dia 02 de outubro um momento importante de nossa vida política, as eleições de Prefeitos e Vereadores dos mais de 5500 municípios brasileiros. E a cara do Brasil que sai das urnas, na face dos eleitos e das eleitas, não é representativa daquilo que somos. São poucas as mulheres, negros e  LGBTs eleitos(as), por exemplo. E, em contrapartida, são muitos os homens, os brancos, os ricos e os que se assumem como heterossexuais. O poder econômico, a despeito da proibição de financiamento por empresas privadas, fez a diferença mais uma vez.

No entanto, a maior diferença a favor dos partidos que defendem uma pauta retrógrada e entreguista para o Brasil foi, sem dúvida, a educação política da população realizada pelas empresas de comunicação e, mesmo, pelas instituições públicas como a Polícia Federal e o Judiciário.

A contínua exposição Partido dos Trabalhadores e seus representantes como sendo os inventores da corrupção no Brasil e os únicos que se utilizaram de ilegalidades para financiar suas campanhas, ou mesmo para se enriquecer pessoalmente, teve repercussão nas eleições. A reiteração das denúncias, parte das quais sem o cumprimento das formalidades e sem apresentação de provas, além de constituir prática própria de um regime de exceção, teve também a intenção de conseguir a adesão da população a um projeto autoritário e de influenciar as eleições municipais deste ano e as eleições gerais de 2018.

Tais práticas, repetidas exaustivamente no último ano, sem dúvida fazem parte de um investimento na educação política da população. A produção de uma sensibilidade negativa face à política e aos partidos funda o abandono da política pela população, sobretudo aquela mais sensível às influências dos espetáculos midiáticos, e autoriza o aparecimento e fortalecimento dos diversos autoritarismos no espaço público.

Ao militar contra política, os meios de comunicação e muitos políticos almejam, na verdade, a “purificação” étnica, cultural, econômica e de gênero da política institucional, deixando-a novamente livre para o trânsito desembaraçado dos homens, dos brancos e dos ricos. As figuras, quase patéticas, de empresários, homens e brancos, se apresentando como candidatos a prefeitos, mas bradando que não são políticos, é disso um espetáculo singular! Como não são políticos se entraram num partido, se fizeram alianças, se lutaram nos partidos para serem escolhidos candidatos, se fazem campanhas públicas e, sobretudo, se querem ocupar um cargo  que é político por excelência?

O abando da política é um péssimo negócio para todos! Quando a maioria da população vira as costas para a política, entrega a direção da cidade justamente para aqueles que, sempre e sempre, disseram que o povo deveria ficar afastado da política porque não saberia votar e nem dirigir. São os mesmos também que investem no convencimento de que o lugar das mulheres, da população negra e LGBT não é o espaço público e a política, mas o mundo do lar, do trabalho ou dos guetos.

Felizmente, ao mesmo tempo em que muitos dos donos e operadores das empresas de comunicação e seus aliados de sempre, inclusive no mundo estatal, investem contra a política e contra a capacidade coletiva de inventar utopias e criar algo de novo, e melhor, de vários lugares do Brasil, chegam relatos de experiências exitosas de ocupação do espaço público e da política de modo criativo pela juventude, pelos movimentos sociais, pelas mulheres, pela população LGBT e vários outros sujeitos que não se deixam calar e paralisar pelos investimentos de demonização da política.

É, sem dúvida, essa capacidade de resistir, de se indignar, de atuar criativa e coletivamente que faz desses muitos coletivos um foco de irradiação de outra maneira de fazer política, de ocupar o espaço público e de educar politicamente as novas e as velhas gerações. Esperamos que esse investimento seja perene e resulte, cada vez mais, em cidades que nos acolham em nossas singularidades e diversidades, e que não cessem nunca de se indignar com as desigualdades e as injustiças, sejam elas quais forem.

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Eleições e Educação Política

 Vivemos no último dia 02 de outubro um momento importante de nossa vida política, as eleições de Prefeitos e Vereadores dos mais de 5500 municípios brasileiros. E a cara do Brasil que sai das urnas, na face dos eleitos e das eleitas, não é representativa daquilo que somos. São poucas as mulheres, negros e  LGBTs eleitos(as), por exemplo. E, em contrapartida, são muitos os homens, os brancos, os ricos e os que se assumem como heterossexuais. O poder econômico, a despeito da proibição de financiamento por empresas privadas, fez a diferença mais uma vez.

No entanto, a maior diferença a favor dos partidos que defendem uma pauta retrógrada e entreguista para o Brasil foi, sem dúvida, a educação política da população realizada pelas empresas de comunicação e, mesmo, pelas instituições públicas como a Polícia Federal e o Judiciário.

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