Vidas Negras Importam! Importam?

Na semana em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra os dados divulgados sobre a população negra no país são estarrecedores. Em praticamente todas as suas dimensões – no mundo do trabalho, da escola, da política, da cultura e, sobretudo, da segurança pública, para não dizer de todas as demais – a sociedade brasileira demonstra um profundo racismo cultural, político, institucionalizado.

Os dados atestam um vertiginoso aumento da violência institucionalizada – sobretudo, mas não apenas, policial – contra a população negra no país. Mas, como sabemos, tal violência não é apenas contemporânea. Ela tem longo lastro na história brasileira e é continuamente atualizado em suas modalidades, ritos e consequências. No entanto, apesar disso, não são poucos os que ainda advogam que o país vive uma democracia racial e que são as políticas de valorização e promoção das diversidades que trouxeram o racismo até nós.

Por esses motivos, o expressivo número de atividades desenvolvidas em todo o Brasil ao longo da semana tem um triplo e muito importante sentido: denúncia, resistência e esperança. A denúncia da situação a que foi relegada parte da população negra do país. Há, de um modo geral, um verdadeiro abismo a separar a população negra da população branca, mesmo entre os pobres, no Brasil.

Mas o conjunto das manifestações não é apenas de denúncia. É também, ação de resistência contra a opressão, a violência e a exploração. As atividades culturais, mas não apenas elas, pelas quais a população negra se manifesta reelaboram e atualizam a memória e nos obrigam a rever a história do país. Aí, são “descobertas” histórias e memórias que narram dos mais diversos modos as práticas e as políticas de resistência ancestral e atual da população negra.

É denúncia, é resistência, mas é também anúncio de que muita coisa boa vem sendo feita, as quais já estão contribuindo para mudar a cara do país. Em todos os cantos do país os coletivos negros, articulados e perpassados por muito outros coletivos e outras identidades, têm dados mostra de que é preciso e, sobretudo, possível reinventar o Brasil.

A cada vez que um ato de violência racial é praticado, toda a humanidade é diminuída. Do mesmo modo, quando, individual ou coletivamente, há denúncia e resistência em relação às violências praticadas contra a população negra, é a todos brasileiros e brasileiras que esse grito se dirige.  O anúncio rico e diversificado que vem das manifestações desta semana ou, o que é mais importante, das práticas cotidianas e coletivas de promoção da igualdade racial, de combate à violência racial, de exaltação e proteção da cultura negra, dentre outras, nos permitem pensar em saídas possíveis para a situação que vivemos hoje. É bom saber que a reinvenção do Brasil já está em curso e que ela vem de mãos dadas com os coletivos de negros e de negras que povoam o país!

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Vidas Negras Importam! Importam?

Na semana em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra os dados divulgados sobre a população negra no país são estarrecedores. Em praticamente todas as suas dimensões – no mundo do trabalho, da escola, da política, da cultura e, sobretudo, da segurança pública, para não dizer de todas as demais – a sociedade brasileira demonstra um profundo racismo cultural, político, institucionalizado.

Os dados atestam um vertiginoso aumento da violência institucionalizada – sobretudo, mas não apenas, policial – contra a população negra no país. Mas, como sabemos, tal violência não é apenas contemporânea. Ela tem longo lastro na história brasileira e é continuamente atualizado em suas modalidades, ritos e consequências. No entanto, apesar disso, não são poucos os que ainda advogam que o país vive uma democracia racial e que são as políticas de valorização e promoção das diversidades que trouxeram o racismo até nós.

Por esses motivos, o expressivo número de atividades desenvolvidas em todo o Brasil ao longo da semana tem um triplo e muito importante sentido: denúncia, resistência e esperança. A denúncia da situação a que foi relegada parte da população negra do país. Há, de um modo geral, um verdadeiro abismo a separar a população negra da população branca, mesmo entre os pobres, no Brasil.

Mas o conjunto das manifestações não é apenas de denúncia. É também, ação de resistência contra a opressão, a violência e a exploração. As atividades culturais, mas não apenas elas, pelas quais a população negra se manifesta reelaboram e atualizam a memória e nos obrigam a rever a história do país. Aí, são “descobertas” histórias e memórias que narram dos mais diversos modos as práticas e as políticas de resistência ancestral e atual da população negra.

É denúncia, é resistência, mas é também anúncio de que muita coisa boa vem sendo feita, as quais já estão contribuindo para mudar a cara do país. Em todos os cantos do país os coletivos negros, articulados e perpassados por muito outros coletivos e outras identidades, têm dados mostra de que é preciso e, sobretudo, possível reinventar o Brasil.

A cada vez que um ato de violência racial é praticado, toda a humanidade é diminuída. Do mesmo modo, quando, individual ou coletivamente, há denúncia e resistência em relação às violências praticadas contra a população negra, é a todos brasileiros e brasileiras que esse grito se dirige.  O anúncio rico e diversificado que vem das manifestações desta semana ou, o que é mais importante, das práticas cotidianas e coletivas de promoção da igualdade racial, de combate à violência racial, de exaltação e proteção da cultura negra, dentre outras, nos permitem pensar em saídas possíveis para a situação que vivemos hoje. É bom saber que a reinvenção do Brasil já está em curso e que ela vem de mãos dadas com os coletivos de negros e de negras que povoam o país!

Imagem de destaque: Bahia- Escola de Dança da Funceb lança núcleo de estudos em danças afro-brasileiras. Foto: Paula Fróes/GOVBA

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