Universidades sob ataque!

Foto: Foca Lisboa/UFMG

Não bastasse o espetáculo de pirotecnia e violência cometido contra dirigentes da UFSC, que acabou resultando no suicídio de seu Reitor, a Política Federal, com o manto do poder judiciário, investe agora, da mesma forma, contra dirigentes, professores e funcionários da UFMG.  São nítidos, na forma como foi realizada a operação “Esperança Equilibrista”, no teor político, nos abusos da polícia federal, os quais nos trazem à memória os piores momentos da ditadura.

Sob o pretexto de investigar supostos desvios cometidos na administração dos recursos repassados pelo Ministério da Justiça nos governos Lula e Dilma para a construção do Memorial da Anistia – coordenado por docentes da Universidade e executado por sua Fundação de Pesquisa – a polícia federal conduziu coercitivamente professores e funcionários da UFMG para depoimento sem que, antes, eles tenham sido intimados a depor e que tivessem conhecimento da investigação em curso.

É assustadora a implantação de um Estado Policial que está em curso no país. Sob pretexto de investigar crimes cometidos na administração pública, a operação conduzida pela PF trata professores universitários como criminosos, caça-os em suas casas na madrugada, submete-os a exposição pública e anunciam suas culpas à imprensa sem que as devidas investigações tenham sido concluídas e garantidos todos os direitos dos investigados.

Considerando que não houve nenhuma recusa dos dirigentes da Universidade em colaborar com as investigações, mesmo porque eles não sabiam que ela estava em curso, resta-nos indagar sobre as razões pelas quais os procedimentos investigatórios não foram conduzidos pelos órgãos federais de controle e os motivos pelos quais a PF agiu de forma violenta contra os dirigentes da UFMG.

Não parece ser, neste contexto, descabido aventar a hipótese de que o investimento da PF contra a UFMG tenha como pano de fundo o arcabouço do projeto sob suspeição, já que tal projeto tem como objetivo criar um Memorial da Anistia justamente para lembrar os horrores e atrocidades da ditadura civil-militar brasileira. Foi esse mesmo projeto que patrocinou, recentemente, a exposição “Desconstrução do esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição” no centro de Belo Horizonte, que tinha por objetivo lutar contra o esquecimento da ditadura e denunciar que a transição para a democracia foi feita de forma incompleta e injusta.

O certo é que, na figura da UFMG, estão sendo vilipendiadas, expostas e atacadas todas as Universidades Públicas. E isso se dá, não parece ser por acaso, no exato momento em que o Banco Mundial lançou um documento em que defende a cobrança de mensalidade no ensino superior público brasileiro. O enfraquecimento das universidades e a criminalização de seus dirigentes favorece o pleito daqueles que defendem a privatização dessas instituições.

Como bem quer lembrar o Memorial da Anistia, a ditadura não passou e ela é continuamente atualizada nas ações dos órgãos de Estado que mais buscam efeitos midiáticos do que o combate à criminalidade e a defesa da justiça. A violência cometida contra a UFMG e seus dirigentes é caso típico do Estado policialesco a que estamos sendo submetidos. Quando a polícia assume a política a democracia é vilipendiada e a cidadania diminuída. E essa, não nos esqueçamos, é uma das faces mais perversas dos regimes autoritários.

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Universidades sob ataque!

Foto: Foca Lisboa/UFMG

Não bastasse o espetáculo de pirotecnia e violência cometido contra dirigentes da UFSC, que acabou resultando no suicídio de seu Reitor, a Política Federal, com o manto do poder judiciário, investe agora, da mesma forma, contra dirigentes, professores e funcionários da UFMG.  São nítidos, na forma como foi realizada a operação “Esperança Equilibrista”, no teor político, nos abusos da polícia federal, os quais nos trazem à memória os piores momentos da ditadura.

Sob o pretexto de investigar supostos desvios cometidos na administração dos recursos repassados pelo Ministério da Justiça nos governos Lula e Dilma para a construção do Memorial da Anistia – coordenado por docentes da Universidade e executado por sua Fundação de Pesquisa – a polícia federal conduziu coercitivamente professores e funcionários da UFMG para depoimento sem que, antes, eles tenham sido intimados a depor e que tivessem conhecimento da investigação em curso.

É assustadora a implantação de um Estado Policial que está em curso no país. Sob pretexto de investigar crimes cometidos na administração pública, a operação conduzida pela PF trata professores universitários como criminosos, caça-os em suas casas na madrugada, submete-os a exposição pública e anunciam suas culpas à imprensa sem que as devidas investigações tenham sido concluídas e garantidos todos os direitos dos investigados.

Considerando que não houve nenhuma recusa dos dirigentes da Universidade em colaborar com as investigações, mesmo porque eles não sabiam que ela estava em curso, resta-nos indagar sobre as razões pelas quais os procedimentos investigatórios não foram conduzidos pelos órgãos federais de controle e os motivos pelos quais a PF agiu de forma violenta contra os dirigentes da UFMG.

Não parece ser, neste contexto, descabido aventar a hipótese de que o investimento da PF contra a UFMG tenha como pano de fundo o arcabouço do projeto sob suspeição, já que tal projeto tem como objetivo criar um Memorial da Anistia justamente para lembrar os horrores e atrocidades da ditadura civil-militar brasileira. Foi esse mesmo projeto que patrocinou, recentemente, a exposição “Desconstrução do esquecimento: golpe, anistia e justiça de transição” no centro de Belo Horizonte, que tinha por objetivo lutar contra o esquecimento da ditadura e denunciar que a transição para a democracia foi feita de forma incompleta e injusta.

O certo é que, na figura da UFMG, estão sendo vilipendiadas, expostas e atacadas todas as Universidades Públicas. E isso se dá, não parece ser por acaso, no exato momento em que o Banco Mundial lançou um documento em que defende a cobrança de mensalidade no ensino superior público brasileiro. O enfraquecimento das universidades e a criminalização de seus dirigentes favorece o pleito daqueles que defendem a privatização dessas instituições.

Como bem quer lembrar o Memorial da Anistia, a ditadura não passou e ela é continuamente atualizada nas ações dos órgãos de Estado que mais buscam efeitos midiáticos do que o combate à criminalidade e a defesa da justiça. A violência cometida contra a UFMG e seus dirigentes é caso típico do Estado policialesco a que estamos sendo submetidos. Quando a polícia assume a política a democracia é vilipendiada e a cidadania diminuída. E essa, não nos esqueçamos, é uma das faces mais perversas dos regimes autoritários.

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