Qualidade de informação e cidadania

Na ultima quinta feira, dia 27, o Pensar a Educação, Pensar o Brasil realizou mais uma conferência do seu XII Seminário Anual, que em 2018 discute o tema “Mídias, Educação e Espaço Público”. A conferência de outubro foi realizada pela professora Regina Helena Alves da Silva, do departamento de História da UFMG. A pesquisadora, que coordena o Centro de Convergência de Novas Mídias da UFMG e atua nos programas de pós-graduação de Comunicação Social e História da instituição, observa a comunicação e as práticas sociais, em especial as conformações contemporâneas dos movimentos sociais e redes sócio-técnicas.

Regina Helena. Foto: Thiago Rosado

O clima de tensão e debate publico que antecede as eleições foi um gatilho na discussão proposta pela professora na sua conferência. A partir desse cenário e da ideia de caldo cultural – repleto de referências, pensamentos, crenças e narrativas – no qual estamos imersos, ela destacou a produção e a reprodução de informações nos dias de hoje. Com destaque para as tão faladas “fake news” sua fala trouxe a tona a estrutura cultural na qual essas informações nascem, crescem e reproduzem.

Regina destaca que muitas vezes as informações são rotuladas como fake news não são necessariamente falsas. Ela lembra que toda a informação, mesmo que considerada falsa, precisa de pessoas que acreditem nela, assim como um ambiente propício para se estabelecer, seja  partir de fatos que lhe confiram alguma (possível) veracidade ou por crenças individuais ou coletivas que não precisam necessariamente estar baseadas em fatos. Por isso é importante dizer que não se trata de algo que surgiu com das mídias digitais/virtuais, não é um atributo próprio delas, por mais que elas tenham potencializado seu alcance.

As diversas iniciativas no sentido de controlar, ou ao menos entender, esse fluxo de informação também foi observado pela professora. Ela contou sobre .o primeiro tipo de atitude tomada a respeito: produzir notícias para desmentir ou explicar as noticias falsas em circulação. Ela destaca como ações de explicação de fatos e/ou checagem de informação são considerados superados na Europa. Segundo ela, esse procedimento se mostrou pouco eficiente por não conseguir contornar ou derrubar crenças. Por isso uma segunda onda de iniciativas para lidar com a situação inclui políticas que dêm recursos para as pessoas compreenderam as mídias e identificarem de maneira autônoma notícias falsas.

Neste ponto, a pesquisadora apontou o lugar demandado da educação, e mais precisamente da escola, nesse cenário. Ela comenta que acabou sendo imbuído aos educadores, e ao ambiente escolar como um todo, a missão de ensinar crianças e adolescentes a lidar com tamanha quantidade de informações e a partir de quais princípios e elementos podem se posicionar. Dentre esses recursos que a escola deve fomentar está o pensamento crítico e a análise de conteúdo, o que já é, ou deveria ser, função da escola. Outro ponto de destaque para ela é propiciar um ambiente onde a  discordância é bem vinda e incentivada. Assim, não só se possibilita uma discussão mais democrática, como ensina a todos a terem o questionamento como principio para encarar e lidar com as informações, independente da fonte.

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