Mulheres nas Ciências

Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta nº204

Nos últimos 150 anos a escola tem sido uma das instituições sociais que mais tem acolhido e reforçado a protagonismo feminino no mundo. A despeito das grandes diferenças e desigualdades nas formas e nos conteúdos por meio dos quais a escola, ainda hoje, educa meninos e meninas, foi no sistema educativo escolar, como lugar de formação e trabalho, que as mulheres encontraram menos barreiras, em comparação com as outras instituições sociais, como a família, as instituições políticas e o próprio mundo do trabalho.

No entanto, como já denunciaram Zeila Demartine e Fátima Antunes há alguns anos, ao analisarem as trajetórias de homens e mulheres na profissão docente, a educação é uma “profissão feminina, mas uma carreira masculina”. O mesmo parece ocorrer, agora, com as ciências brasileiras como um todo.

Segundo dados publicados esta semana o portal Gênero e Número, as mulheres já são maioria na Iniciação Científica e no Mestrado e igualam aos homens no Doutorado. No entanto, são ainda minoria na docência nas universidades, na liderança de grupos de pesquisa e no acesso às bolsas de produtividade em pesquisa, a bolsa de maior prestígio das agências de fomento brasileiras. Do mesmo modo, como sabemos, são relativamente escassas as mulheres dirigentes das agências de fomento e avaliação do sistema nacional de C&T. Quando se trata das mulheres negras, os números revelam uma desigualdade maior ainda.

É preciso, por um lado, reconhecer o grande protagonismo feminino na abertura e ocupação de espaços no ensino superior e nas ciências nas últimas décadas, a exemplo do que fez centenariamente no campo da educação básica.  Por outro lado, é preciso perguntar sobre as razões que dificultam a maior presença das mulheres nas posições mais importantes e prestigiosas das ciências brasileiras.

Dentre as razões para a chegada das mulheres em menor número e mais tardiamente à posições de maior prestígio nas ciências, os estudos divulgados recentemente chamam a atenção para dois fatores: a maternidade e, aliada ou não a esta, os preconceitos que presidem algumas avaliações de projetos coordenados por mulheres. Segundo o portal Gn, “ao ficaram grávidas muitas cientistas relatam reações negativas de colegas e superiores. Após o parto, muitas passam por uma queda brusca na produtividade científica e sentem o impacto negativo na profissão por concentrarem o trabalho de cuidado dos filhos”.

A respeito disso, um recente editorial Gênero e Número, sob o sugestivo título de “O labirinto de cristal das mulheres na ciência”, afirma: “Na ciência e na Academia, pode-se falar em um labirinto de cristal – uma série de obstáculos presentes ao longo de toda a trajetória das mulheres e que dificulta e atrasa o percurso delas nesse campo, quando não determina a desistência da carreira”.

Apesar dos indiscutíveis avanços das últimas décadas, muito há por ser feito ainda. A batalha por relações mais igualitárias entre os seres humanos e o fim das discriminações de gênero, raça ou qualquer outra no campo das ciências deve ser reforçada e políticas de ação afirmativas devem ser estabelecidas e/ou fortalecidas. Certamente, a presença mais igualitária das mulheres no campo da ciência contribuirá para que tenhamos relações mais igualitárias em outros campos do mundo social.

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Mulheres nas Ciências

Nos últimos 150 anos a escola tem sido uma das instituições sociais que mais tem acolhido e reforçado a protagonismo feminino no mundo. A despeito das grandes diferenças e desigualdades nas formas e nos conteúdos por meio dos quais a escola, ainda hoje, educa meninos e meninas, foi no sistema educativo escolar, como lugar de formação e trabalho, que as mulheres encontraram menos barreiras, em comparação com as outras instituições sociais, como a família, as instituições políticas e o próprio mundo do trabalho.

No entanto, como já denunciaram Zeila Demartine e Fátima Antunes há alguns anos, ao analisarem as trajetórias de homens e mulheres na profissão docente, a educação é uma “profissão feminina, mas uma carreira masculina”. O mesmo parece ocorrer, agora, com as ciências brasileiras como um todo.

Segundo dados publicados esta semana o portal Gênero e Número, as mulheres já são maioria na Iniciação Científica e no Mestrado e igualam aos homens no Doutorado. No entanto, são ainda minoria na docência nas universidades, na liderança de grupos de pesquisa e no acesso às bolsas de produtividade em pesquisa, a bolsa de maior prestígio das agências de fomento brasileiras. Do mesmo modo, como sabemos, são relativamente escassas as mulheres dirigentes das agências de fomento e avaliação do sistema nacional de C&T. Quando se trata das mulheres negras, os números revelam uma desigualdade maior ainda.

É preciso, por um lado, reconhecer o grande protagonismo feminino na abertura e ocupação de espaços no ensino superior e nas ciências nas últimas décadas, a exemplo do que fez centenariamente no campo da educação básica.  Por outro lado, é preciso perguntar sobre as razões que dificultam a maior presença das mulheres nas posições mais importantes e prestigiosas das ciências brasileiras.

Dentre as razões para a chegada das mulheres em menor número e mais tardiamente à posições de maior prestígio nas ciências, os estudos divulgados recentemente chamam a atenção para dois fatores: a maternidade e, aliada ou não a esta, os preconceitos que presidem algumas avaliações de projetos coordenados por mulheres. Segundo o portal Gn, “ao ficaram grávidas muitas cientistas relatam reações negativas de colegas e superiores. Após o parto, muitas passam por uma queda brusca na produtividade científica e sentem o impacto negativo na profissão por concentrarem o trabalho de cuidado dos filhos”.

A respeito disso, um recente editorial Gênero e Número, sob o sugestivo título de “O labirinto de cristal das mulheres na ciência”, afirma: “Na ciência e na Academia, pode-se falar em um labirinto de cristal – uma série de obstáculos presentes ao longo de toda a trajetória das mulheres e que dificulta e atrasa o percurso delas nesse campo, quando não determina a desistência da carreira”.

Apesar dos indiscutíveis avanços das últimas décadas, muito há por ser feito ainda. A batalha por relações mais igualitárias entre os seres humanos e o fim das discriminações de gênero, raça ou qualquer outra no campo das ciências deve ser reforçada e políticas de ação afirmativas devem ser estabelecidas e/ou fortalecidas. Certamente, a presença mais igualitária das mulheres no campo da ciência contribuirá para que tenhamos relações mais igualitárias em outros campos do mundo social.

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